Autor: Antônio Marinho Santana Serra

ISBN: 978-85-8434-140-5

Formato: 14 x 21

Número de páginas: 206

Prefácio

Não há como falar sobre poesia sem começar citando o Boca do Inferno, o barroco Gregório de Matos, um dos mais importantes poetas satíricos da literatura em língua portuguesa, para quem “o todo sem a parte não é todo”.
A poesia pede passagem e eu peço licença para citar Antônio Frederico de Castro Alves, aquele que desejou “viver numa eterna primavera”.
É impossível não se empolgar com um bom livro de leitura leve, letra por letra, uma frase solta aqui que se encontra acolá. Palavras verdadeiras e fortes, uma atrás da outra. Os olhos do tempo, a autenticidade e a questão de assim ser.
Os cantos dos pássaros rasgam o silêncio enquanto escrevo estas linhas e, distraído, não percebo a aproximação da minha cachorra Baleia. Ficamos ali nos olhando, como no poema O Gato, do Mario Quintana.
A poesia é a expressão do sentimento vivido e precisa, singularmente, espalhar o anseio de mundo de quem a escreve: suas dores e seus sabores. Aqui, em “Água Ardente”, Antônio Marinho Santana Serra conseguiu percorrer caminhos variáveis e com maestria. É uma leitura sadia, descontraída e bem construída.
Existe nos textos que compõem esta obra uma espécie de sanha que procura, dentro das suas entranhas, trazer à tona todos os conflitos do mundo. Parece que há um depósito de particularidades necessitando que sejam expostos e o bardo permite que suas aflições e seus tormentos aflorem com vicissitude, brotando textos sensacionalmente belos e fortes – no mais verdadeiro sentido.
Tomado pela leveza sigo a leitura dos poemas e vejo outros poetas como Drummond, Cora e Cazuza. Os versos são cadenciados e fortes, alegres e musicais. Feitos com o cuidado que a poesia requer.
Palavras incrivelmente bem postas, lado a lado, se encontrando pelo caminho da leitura, fantasticamente carregadas de encantamento.
E a brisa levou para bem distante as nuvens, e o sol voltou a fulgurar sob um céu agora cintilante. Assim me sinto ao findar a leitura de “Água Ardente”, que me deixou imensamente impactado.
E o que mais dizer sobre Antônio Marinho? É um poeta com personalidade, cara e coragem!
Luiz Eudes, escritor.