“Igualdade de gênero é questão central no processo de desenvolvimento”

“Igualdade de gênero é questão central no processo de desenvolvimento”. A opinião é das professoras Gislaine Gabriele Saueressig e Daniela Medeiros de Azevedo Prates, que integram a equipe de coautores da obra “Memória e Práticas na Formação de Professores” em seu terceiro volume. O ebook foi organizado por Rita de Cássia Grecco dos Santos e Maria Augusta Martiarena de Oliveira. Nesta entrevista, as autoras falam sobre seu artigo: IFSul: Reflexões sobre práticas e memórias na trajetória da educação profissional e tecnológica.

Vocês falam, no artigo, de uma falsa ideologia de gênero. Do que se trata?
O termo “ideologia de gênero” apareceu pela primeira vez em meados dos anos 1990 e teve origem na ala conservadora da Igreja Católica. É um termo não reconhecido academicamente e que acabou sendo utilizado massivamente por grupos conservadores e da extrema direita, contrários aos estudos de identidade de gênero, como forma de contraposição às pautas feministas e LGBTQIA+, pois, segundo eles, essas pautas atingiriam a “tradicional família cristã”.

Historicamente, como vocês analisam as questões de gênero no Brasil?
O Brasil é um país desigual em muitos aspectos. Em se tratando de gênero, não é diferente: altas taxas de feminicídio e de violência contra pessoas LGBTQIA+, desigualdade salarial, baixa representação feminina na política, são reflexos da construção machista e racista pela qual a população brasileira passou durante sua construção e desenvolvimento histórico, e que ainda estão presentes na sociedade atual, emolduradas pelo patriarcado e pela heteronormatização.

Quais são, na opinião de vocês, os principais desafios na área?
O Brasil passa por um momento de profundo retrocesso, perdas de direitos, empobrecimento das camadas mais vulneráveis da população, crises sanitária, política, econômica e, com um governo de extrema direita, também humanística. Estes são desafios enormes para qualquer pauta progressista e de qualidade de vida, e as lutas pela igualdade de gênero acabam trocando pautas importantes de busca por direitos ainda não reconhecidos, pela necessidade de resistência aos ataques vindos da onda conservadora. O artigo publicado no livro é parte de pesquisa de mestrado intitulada “Relações de gênero na educação profissional tecnológica: mapeamento das violências sofridas por mulheres no Campus Sapucaia do Sul do IFSul”, onde aprofundamos essa questão, e outras.

Vocês são otimistas com relação ao avanço destas pautas?
Igualdade de gênero, no nosso ponto de vista, é uma das questões centrais do processo de desenvolvimento de uma sociedade plural, digna, democrática e não violenta. Acreditamos que quando há luta, há esperança, e por isso lutamos.

O ebook pode ser baixado no link https://pragmatha.com.br/produto/memoria-e-pratica-na-formacao-de-professores/