Vingando-se

O presente chegou com cinco anos de atraso. Era assim que Alex entendia o fato de ver seu irmão sofrendo na Terra por conta da morte do filho. Cinco anos já! Aliás, Alex julgava que haviam se passado cinco anos, mas, no Umbral, era difícil contar o tempo.

Alex tinha sido morto pelo irmão quando estava encarnado. Perdão? Nunca! Passar a eternidade no Umbral? Que seja! Alegria? Sim, ao ver a desgraça do irmão no distante planeta. Mais do que um presente, uma vingança!

Enquanto ria abertamente em meio à podridão do inferno, novamente, apareceram aqueles espíritos luminosos que quase o cegavam. Alex notou que dois deles balançavam as cabeças em tom de desaprovação. “Fora daqui! Deixem-me com minha alegria!”

E as luzes afastaram-se. Alex levantou-se, reuniu mais forças e partiu de novo. Era hora de obsediar outra vez o irmão. Quem sabe, agora, não conseguiria a morte dele?

Por Márnei Consul

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Texto integrante do projeto de exercício literário proposto pela Pragmatha Editora em suas redes sociais. Participe! Em caso de dúvida, converse com a editora Sandra Veroneze pelo email sandra.veroneze@pragmatha.com.br