Desde que foi a São Paulo, não falava com a família. Empurrava a comida. O olhar dele deixava todos preocupados com o que tinha acontecido lá na grande metrópole.
Maria Clara foi a primeira que falou:
– Pai, fale o que houve, por favor! Não teremos como te ajudar, se…
Ele olhou para ela como se fosse alguém que tivesse a culpa toda pelo que aconteceu e começou a bater-lhe um desespero. O choro brotou intenso. Seu rosto ficou debruçado sobre a mesa. Os talheres, a toalha vinda da China que comprou mês passado, o guardanapo chiquérrimo começaram a cair no chão, juntamente com Lúcio. Então, bombardeou a todos:
– Estamos falidos! Minha empresa não tem mais nada! Voltamos para a origem. Para onde nós nunca devíamos ter saído.
A família começou o processo de venda das coisas… Além disso, despedir os empregados, pedir para que eles não os colocassem na Justiça, comprar um apartamentozinho de poucos metros quadrados.
Lúcio vegetava, não vivia mais.
Por Magno Machado de Freitas
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Texto integrante do projeto de exercício literário proposto pela Pragmatha Editora em suas redes sociais. Participe! Em caso de dúvida, converse com a editora Sandra Veroneze pelo email sandra.veroneze@pragmatha.com.br