Uma vida a dois

Olhou demoradamente para o espelho e o reflexo foi inesperado. Ele havia retornado. Ele, o homem com quem vivera por tanto tempo, depois de seis meses, adentrou na casa que construíram juntos com tanto sacrifício e, com olhar sereno, pediu perdão naquela manhã de verão.

Estava mais magro, um tanto judiado. Na mão esquerda, a mesma mala que levara e a aliança que havia guardado quando da separação. Na época, o limite havia chegado com a monotonia de uma vida a dois vazia. Nada mais os animava. A separação fora inevitável.

Ainda olhando para o espelho imóvel ela ficou, sendo abraçada na cintura pelo homem que sempre amou.

Não respondeu ao pedido de perdão. Virou-se e o beijou como sinal de aceite. Levou-o para a cozinha, serviu o café e falou: “como será o teu dia hoje?”

A mala seria desfeita à noite, quando a monotonia novamente fizesse companhia aos dois.

Por Rosalva Rocha

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Texto integrante do projeto de exercício literário proposto pela Pragmatha Editora em suas redes sociais. Participe! Em caso de dúvida, converse com a editora Sandra Veroneze pelo e-mail sandra.veroneze@pragmatha.com.br