Tem uma luz acesa no seu apartamento… Não consigo dormir enquanto a luz não se apaga.
Vejo tudo o que acontece em sua sala. Vejo seu olhar triste, sempre que abre o envelope de cor amarela, nas sextas-feiras, às vinte horas em ponto. Vejo uma sombra acompanhar seus passos, da sala para o quarto, então perco-os de vista, pois tens mantido as cortinas fechadas e a luz do abajur apagada, desde que você passou a morar sozinho. Algumas vezes, chego a sentir o cheiro do café recém passado, quando a madrugada se despede para a manhã preguiçosa de um sábado qualquer. Mas aí a luz acesa no seu apartamento já não impede meu sono, que chega com os primeiros raios do sol. Desculpe-me a ousadia desta carta que deposito em sua porta, todas as manhãs de sexta-feira, após minha noite de vigília. Hoje, não quis falar de poesia. Hoje, quis falar da minha insônia, que encontra companhia, em todas as noites que tem uma luz acesa no seu apartamento…
Por Joseti Gomes
Texto integrante dos exercícios literários propostos pela Pragmatha Editora em suas redes sociais aos domingos