Desceu as escadas apressadamente e trôpega. Lágrimas rolavam na sua face, agora, em pé naquela ponte, lembrando do que havia acontecido. A dor que estava sentindo era horrível. O gosto, amargo como fel, sentiu na boca. O vômito veio espontâneo. Respirou fundo, fechou os olhos…
Aquela ponte tinha uma altura considerável, permitia assim o livre trânsito de navios. Lembrou que muitos dali se jogavam.
Abriu os olhos, respirou fundo, sentiu a brisa do mar em seu rosto molhado. Daquela ponte dava para ver o Convento da Penha. As lágrimas teimavam em cair, ela não se dá o trabalho de secar.
Olhou para os carros que passavam e buzinavam, talvez, para alertá-la. Ela não estava se importando com nada. O seu carro estava estacionado. Sabia que tinha pouco tempo para fazer o que estava querendo.
Somente lembrava da cena que vira. Ele com aquela mulher, que era a sua melhor amiga, na cama. Na cama deles. Olhou novamente para o Convento…
Não, não — pensou. — Não posso fazer isso. Balança a cabeça como se estivesse espantando algum pensamento ruim.
Horrível, mas nada seria pior que tirar a própria vida. Entrou no carro, ligou agora com mais firmeza. O coração estava machucado, não seria fácil tratá-lo, sabia disso. Precisava de um plano, eles ainda não sabiam que ela havia voltado dois dias antes, não avisou, pois pensou em fazer uma surpresa. Surpresa teve ela — pensou e sorriu. Nunca fora uma pessoa religiosa. Sentiu que algo mudou, ao olhar para o Convento da Penha quando estava no parapeito daquela ponte.
Acontece um momento na vida que mudamos, mas, em outros momentos, somos, obrigados…
Chega no portão do Convento. Aperta os lábios. Seu olhar está perdido. Começa a subir… Sabe que sua mente vai clarear naquele lugar.
Por Giovana Schneider
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Texto integrante do projeto de exercício literário proposto pela Pragmatha Editora em suas redes sociais. Participe! Em caso de dúvida, converse com a editora Sandra Veroneze pelo e-mail sandra.veroneze@pragmatha.com.br