Suborno

Subornar o médico era uma possibilidade. Já havia esgotado todos os argumentos pedindo autorização para o ex-marido para que a deixasse visitar o filho. Havia se equivocado, reconhecia. Deixara o menino ainda bebê com o pai e ganhara o mundo, buscando autorrealização. Agora, o pai se negava a deixá-la se aproximar do filho doente, internado em uma UTI.

Procurou saber quem era o médico responsável pela equipe e buscou informações. Ético, correto, mas justo e humano. Teria que tentar. Esperou-o no corredor logo na saída da ala de tratamento intensivo. Foi direto. “Oi. Sou a mãe do menino internado há dois meses. Preciso muito vê-lo, ainda que por poucos instantes. Estou disposta a qualquer coisa para ter um momento ao lado dele. Qualquer coisa.”

O homem a olhou fixamente e fez sinal de que o acompanhasse. Abriu uma porta e, assim que ela entrou, fechou-a as suas costas. Notou que o olhar dele percorria as joias que trazia no pescoço e nas mãos. Ia dos anéis, para a gargantilha e de volta para os anéis. Começou a tirar um por um e colocar sobre a mesa.  

Por Cleia Dröse

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Texto integrante do projeto de exercício literário proposto pela Pragmatha Editora em suas redes sociais. Participe! Em caso de dúvida, converse com a editora Sandra Veroneze pelo e-mail sandra.veroneze@pragmatha.com.br