Senti vergonha a cada mentira, mesmo sincera, que proferi, a cada vez que custei a levantar depois que caí, a cada momento em que simplesmente desisti.
Senti vergonha por ter me deixado contaminar pela descrença, por não combater essa doença, por cada atitude que tive de indiferença.
Senti vergonha por ter aberto mão, por me fincar covardemente ao chão, por ter descartado a minha missão.
Senti vergonha por ter receio de mudança, por ter perdido a esperança e por ter cogitado infrutífera vingança.
Senti vergonha por cada voto que dei, por cada absurda lei, por não ter tomado nenhuma atitude sabendo tudo que sei.
Senti vergonha por ser sucessivamente enganado, por muitas vezes optar pelo lado errado, por me agarrar a um obsoleto passado, por ser só mais uma cabeça de gado.
Senti vergonha por não expor meu pensamento, reter todo meu conhecimento e só ficar no inócuo lamento.
Senti vergonha por me acomodar com tão pouco, quase nada, por optar por atalhos duvidosos que me afastaram da estrada, por manter minha boca calada.
Senti vergonha por não encarar a verdade, por toda essa arbitrariedade, pela desigualdade, desumanidade e falta de liberdade. Cansei, resolvi me dar uma nova oportunidade.
Senti vergonha, já não sinto mais, parti para a guerra ignorando essa enganosa e mentirosa paz, grito a plenos pulmões que chega, já me omiti demais, mostrarei que cada nó forçado também se desfaz. Basta! A partir de agora, sentir vergonha jamais!
Por Leonardo Andrade
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Texto integrante do projeto de exercício literário proposto pela Pragmatha Editora em suas redes sociais. Participe! Em caso de dúvida, converse com a editora Sandra Veroneze pelo e-mail sandra.veroneze@pragmatha.com.br