Se jogar

Desde que foi a São Paulo, Urbano sentiu que nascera na cidade errada. Ele sempre gostou da noite. E São Paulo não dormia, com movimento constante. Era realmente o que sempre quis, morar num lugar assim. Lá ele poderia se jogar. Nascera numa cidadezinha do interior. Foi fazer faculdade na capital. Mas São Paulo, nossa era tudo – pensava.

Passados alguns anos, ele realizou o seu maior sonho e foi morar na maior metrópole do Brasil, onde tudo acontecia. A euforia era tanta que não cabia em si. No começo, tudo era festa, conheceu inúmeras boates. Adorava sair à noite para “pegar”, e realmente “pegava” muitos.

O tempo foi passando. Urbano foi vendo que tudo acontecia muito rápido, não havia muita ligação, nem nas amizades. Lembrava de como tudo era diferente, até sentiu saudade dos amigos que deixara. Algo começou a mudar dentro dele. Sentiu que estava vivendo em uma cidade que funciona 24 horas por dia, a cidade que não dorme jamais, com cerca de 20 milhões de habitantes. Mas ele estava se sentindo só.

Urbano resolveu voltar. A experiência valeu a pena, com certeza. Ele não voltou a morar na capital do seu estado, e sim para a pequena cidade onde nascera. Atualmente, mora numas terras que já pertenciam à família. Não foi decepção com nada. Ele simplesmente viu que, antes de se jogar, é preciso sentir.

Por Giovana Schneider 

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Texto integrante do projeto de exercício literário proposto pela Pragmatha Editora em suas redes sociais. Participe! Em caso de dúvida, converse com a editora Sandra Veroneze pelo email sandra.veroneze@pragmatha.com.br