Rotina

O despertador tocou às 5h30 min, muito cedo em números absolutos.

Acordo naquele limbo entre a noite e o dia em que não sabemos o que se anuncia.

A lua e o sol parecem flertar, brincam de escolher quem vai ficar, embora saibam que isso não vai mudar.

Um novo dia começa, ainda sonolento, sem pressa, uma nova página a ser escrita e impressa.

Faço um café bem quente, necessidade premente, prioridade urgente.

Enquanto a alma volta a se encaixar, mexo no celular e descubro o que o sono me deixou passar.

Mudança dos tempos, antes de sequer me olhar no espelho, consulto o aparelho como quem precisa de um indispensável conselho.

Começo o dia com o mundo na palma de mão, repleto de todo tipo de informação, o poder no auge da sua ilusão.

Notícias processadas e pasteurizadas, prontas para serem digeridas, não precisam ser repensadas, apenas engolidas.

Penso em revolucionar, promover uma grande mudança, mas logo minha esperança cansa e entro na dança.

Postergo mais uma vez minha rebelião, novamente a comodidade vence a situação e adio indefinidamente minha quixotesca missão.

Saio para ser mais um na multidão em mais uma apócrifa data sem nenhuma expressão. Repetição.

Por Leonardo Andrade

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Texto integrante do projeto de exercício literário proposto pela Pragmatha Editora em suas redes sociais. Participe! Em caso de dúvida, converse com a editora Sandra Veroneze pelo e-mail sandra.veroneze@pragmatha.com.br