Daniel Rodrigues é daqueles empreendedores inquietos e com forte traço epistemológico. Gosta de aprender, ensinar, experenciar e produzir conhecimento, principalmente se envolver parcerias e construções compartilhadas. Pela Pragmatha Editora, depois de receber diversos prêmios de inovação, principalmente a partir dos resultados obtidos na CCLi Consultoria Linguística, prepara agora um livro que convida outros empreendedores a implantarem uma cultura inovadora humanizada. Nesta entrevista, fala sobre os pontos principais da obra e suas motivações.
Como surgiu a ideia do livro e qual seu propósito?
A ideia não foi minha, na verdade. Depois que conquistamos o Prêmio Nacional de Inovação em 2019, recebi muitos convites do Sebrae para falar com empresários do programa Agente Local de Inovação. E percebi que eles gostavam bastante de ouvir alguém que também era pequeno empresário falando de inovação, do que fez e do que funcionou e não funcionou. O que mais ouvia era que os livros e as palestras eram sempre dos grandes casos de sucesso, que nem sempre inspiravam ou serviam para a realidade das PMEs. E alguns começaram a sugerir que eu escrevesse o processo da minha trajetória de ter uma cultura como a que construímos na CCLi Consultoria Linguística. E daí nasceu a ideia do livro com o propósito de ajudar empresários a conseguir construir ou reforçar os pilares da cultura inovadora humanizada nas suas empresas.
A que público ele se destina?
Quando escrevi o livro tinha sempre em mente o público que participou das minhas palestras e as perguntas e comentários que me fizeram. Além disso, também fiz um processo colaborativo pelas redes sociais e pelo Reinvente Cegente. E acabei conseguindo abordar os pilares de uma forma que atende a pessoa física que queira entender como ela pode desenvolver uma cultura inovadora humanizada na sua vida, mas também aos empresários e profissionais de empresas, especialmente PMEs, que queiram construir ou reforçar esses pilares nas empresas.
Seu livro trata os negócios como organismos vivos, com seus altos e baixos, conferindo a eles inclusive uma espécie de personalidade. Quais os principais desafios na implantação de uma cultura de inovação?
Para mim o principal desafio foi não ter plena consciência dos pilares e da sua hierarquia de comando, como explico no livro. É muito bom quando ganhamos clareza para conseguir resolver os problemas que enfrentamos no dia a dia, especialmente nos momentos mais difíceis. A clareza dos pilares ajuda a detectar em qual pilar está havendo problemas para que a intervenção seja melhor direcionada e que evite desgastar outros pilares por contaminação do problema que começou isoladamente, mas, ao não ser resolvido, se desdobra para os demais.
Muito se fala em inovar para que os negócios não apenas sobrevivam, mas também se mantenham prósperos. Em seu livro, você propõe uma cultura inovadora humanizada. Quais os pontos principais da sua tese?
O principal ponto é que qualquer negócio quando nasce, nasce para cumprir um propósito específico e bem-definido. Se quisermos sustentabilidade e longevidade, será importante inovar com o objetivo de manter esse propósito vivo ao longo do tempo. É como na nossa própria vida. Quando estamos diariamente conectados com nosso propósito, nos sentimos motivados e felizes. Mas quando nos permitirmos que a rotina e os problemas encubram esse propósito, podemos ter mais dificuldade de seguir com prosperidade.
Em seu livro você utiliza figuras bastante simbólicas, como o pilar, a bússola e vocabulário náutico (ajustando as velas, porto seguro, de vento em popa). Trata-se de um recurso poético ou didático?
Mais didático do que poético, eu diria, pois, como professor de carreira, sempre gostei de ilustrar e contextualizar para que pudesse ser mais facilmente lembrado o ponto em questão. Na CCLi, usamos a metáfora da navegação para construir nossas histórias. E no livro decidi reproduzir também esse contexto do navegarmos juntos na história da construção dos pilares da cultura inovadora humanizada da CCLi.
Muitas empresas nascem de um empreendedorismo empírico e de ocasião. É o profissional muito bom que sonha em ter seu próprio negócio e de repente se vê perdido em meio às complexidades de gestão. Como seu livro pode auxiliar este empreendedor?
Isso é realmente um fato. O livro ajuda esse empreendedor ao lhe dar algumas ferramentas e uma metodologia de trabalho para cultivar sua cultura que possa ajudá-lo a navegar pelas complexidades da gestão. O livro não traz respostas prontas nem fórmulas mágicas, simplesmente porque para mim elas não existem. Mas convida o empreendedor a ganhar clareza sobre alguns pontos cruciais, na minha experiência, para podermos lidar com mais segurança com essas complexidades fazendo com que nossa cultura possa, inclusive, ser nossa solução para isso.