Danilo Kuhn é autor de O mendigo de Saint Laurent, publicado pela Pragmatha Editora. Como foi o processo de criação da capa, desde a inspiração, e o que ela representa? Confira:
“Uma capa pode nascer da Literatura… quando visa retratar artevisualmente uma cena-chave da narrativa. Em O mendigo de Saint Laurent, romance com trilha sonora (álbum virtual), o personagem Charlie Vivant, renomado escritor, a passeio por Saint Laurent, sob luz do crepúsculo, contempla a seguinte tela:
O poente tingia a foz do rio que bordejava o lado oeste da cidade. À outra margem, apenas mata virgem e um fino cordão de areia acompanhando a geografia da lagoa que se estendia dançando a oeste, sudoeste, sul e além-vista, tênue fronteira entre o verde e o azul. Limiar. Verde ou azul? Doce ou salgado? Ficar ou partir? Antes a dúvida que não ter escolha.
À contraluz, quase onde sua vista não alcançava, ele pôde divisar um vulto ajeitando-se sobre uma jangada, era o que parecia, na foz do rio, onde o rio beijava a lagoa. O que é aquilo? Cena peculiar… Não pôde minuciar o que transportava, mas contemplou à distância o vulto empunhar remo e atravessar o rio em direção à mata virgem. Ahm, talvez nem tão virgem assim… Um pescador? Um caçador? Difícil precisar. A conferir amanhã, no mesmo horário… Ficar?”.
Este vulto era o mendigo de Saint Laurent, personagem que irá, paulatinamente, interessar e envolver a pena e o destino de Charlie… A inspiração para essa cena peculiar foi a foz do arroio São Lourenço, que margeia São Lourenço do Sul, cidade cuja Saint Laurent é uma versão literária. Para sua feitura, fez-se, previamente, uma fotografia do local, a qual foi artística e literariamente interpretada por uma artistavisual. Mas uma capa também pode nascer do amor… quando a profissional contratada é a musa inspiradora do poeta-escritor. Da relação “poeticamente perfeita” entre eu e Marina Mujica – que assina também as oito ilustrações do livro, uma para cada capítulo – concebeu-se a capa d’O mendigo, após algumas “DRs artísticas”.
Pretendeu-se captar o exato momento em que o escritor-personagem do romance entrega, inexoravelmente, sua alma à sua pluma. Quem lê O mendigo de Saint Laurent contempla, em sua capa, a representação máxima do amor incondicional às letras…
Resta, pois, ao poeta, render odes à sua “musa ilustradora”…