Rafaela Cozar tem formação em Ciências Contábeis, MBA em Finanças & Controladoria, e formação em Controladoria na Suíça. É Head de Gestão & Inovação da Roda Brasil Logística e Coordenadora do Núcleo da COMJOVEM Campinas. Em 2020, lançou como coautora o livro “O transporte de cargas brasileiro em tempos de pandemia | Reflexões – Desafios -Perspectivas – Oportunidades”, pela Pragmatha. Nesta entrevista, ela fala sobre o momento que vivemos e os desafios impostos ao setor de transporte, especialmente em pautas como diversidade e equidade de gênero.
Você se dedica à pauta da equidade de gênero no trabalho. A pandemia trouxe novos olhares para sua abordagem?
Com certeza a pandemia expandiu essas questões. Como as mulheres são quem geralmente ficam à frente das questões da casa e dos filhos, foi um momento em que muitas se viram em situações que não tinham a quem recorrer, com escolas fechadas e sem poder muitas vezes usar a rede de apoio (avós, parentes, ou alguém para ficar com a criança). Muitas com trabalhos autônomos que tiveram suas atividades suspensas, ou ainda por conta de não ter com quem deixar os filhos, tiveram que parar de trabalhar (e até aqueles casos que por conta dos filhos, foram desligadas). Ficou um buraco gritante para a sociedade, de como essas mulheres são multitarefas e mesmo assim não é suficiente para que consigam encaixar tudo. E até foi uma oportunidade para muitos pais em home office ressignificarem toda essa questão e perceberem de fato o trabalho extra que existe nessa questão.
Em seu artigo você fala sobre diversas iniciativas que as empresas podem tomar para se tornarem mais diversas. O setor de transportes está preparado?
O Transporte Rodoviário de CargasC está cada dia mais engajado nesse assunto. Temos ainda muita discriminação? Sim. Porém, muitos empresários e líderes, principalmente dessa nova onda, que estão na direção das empresas e entidades, vêm tomando cada vez mais para si a responsabilidade da abertura desse canal. Vemos mulheres cada vez mais engajadas e com vontade de fazer acontecer. E uma tem servido de inspiração para outras, e assim consecutivamente, criando dessa forma um fluxo do bem, da motivação. É lindo de ver isso. Ainda não ganhamos o jogo, mas estamos com o time preparado, treinado e com algumas vitórias no campeonato.
Em seu artigo você diz que a história nos cobrará. Como manter uma postura alerta e com olhar amplo para questões de diversidade e equidade de gênero em meio a uma pandemia?
Através da empatia. De se colocar no lugar do outro. E com vontade de fazer acontecer, usando a tecnologia a nosso favor. Nós, como gestores, precisamos manter a atenção ao todo, percebendo quais dos detalhes precisam de atenção e quando. E agir nesse momento. Não é uma tarefa fácil, mas com dedicação podemos alcançá-la, e com certeza será muito gratificante.
Se você pudesse hoje enviar um recado para o setor de transportes no início da pandemia, qual seria?
Eu resumiria em cinco itens:
1) Mantenham-se firmes e com calma (ela nos dá clareza da situação e para a tomada de decisões!);
2) Cuidem de seus colaboradores (seu bem mais precioso!);
3) Cuidem de seu caixa (não cansem de revisitar seus custos, otimizar receitas ou flexibilizar o crédito e usá-lo de maneira inteligente. Não caiam na bobagem de fazer economias bobas, concentrem-se na lei de Paretto 80/20).
4) Cuidem de seus clientes, mantenha o bom atendimento, concentrem-se na comunicação. Todos estão passando por situações difíceis e quem faz a diferença, num momento difícil, fica!
5) Nada melhor que um dia após o outro. Concentrem-se nas possibilidades, extraiam o aprendizado dos problemas. Nada dura para sempre. Com amor, dedicação e paciência tudo se encaixa.