Pergunte a um escritor, ou a um leitor voraz, qual seu livro preferido e muito provavelmente uma pequena crise existencial se instale. “Só um?” é a resposta mais provável. Porém, sempre existe aquela obra que tocou de uma forma diferente e que ocupa um lugar preferido no coração. Nesta entrevista, coautores da Pragmatha compartilham quais são seus títulos de maior preferência.
Giovana C. Schneider: O livro Quarto de Despejo – Diário de uma favelada, de Carolina Maria de Jesus, li este livro este ano e devo dizer que se tornou preferido. Gosto de reler algumas passagens dele, pois, com uma linguagem simples, nos mostra como a vida pode ser cruel, mas que mesmo assim não deixou a Carolina totalmente desacreditada da vida e fazendo o que tanto amava, escrever.
Rosalva Rocha: O arroz de Palma, de Francisco Azevedo é delicado e sutil. O livro demonstra a importância da superação das dificuldades e as inconstâncias incontestáveis das nossas vidas. O arroz, como fio condutor, traduz o amor e a sua necessidade para seguir em frente.
Simone Röhrig: Gosto muito da literatura espírita, em especial Zíbia Gasparetto. Meus preferidos são Ninguém é de ninguém, Nada é por acaso. A literatura espírita me conforta, me inspira, e o espiritismo me faz compreender o por quê das coisas.
Marilu Queiroz: Todos os contos 2016, de Clarice Lispector, é o meu livro favorito. Ele reúne cerca de 85 contos de sua autoria e fez com ela se tornasse definitivamente a minha escritora predileta. Desde a primeira vez que li seus contos e crônicas já me apaixonei pelo seu modo de escrever: frases secas, sem floreios, objetivas e contundentes.
Carlos Magno da Rosa Vivian: O conto O Alienista, de Machado de Assis, eu já reli várias vezes. Adoro a atemporalidade e o questionamento de certo ou errado que o autor faz com os personagens. Me divirto muito comparando os personagens do conto com os Drs. Bacamartes e os Porfírios que aparecem todo dia nos noticiários.
Marisa Burigo: Meu livro preferido é Pollyanna e Pollyanna Moça (inseparáveis), de Eleonor H. Porter, pois a menina dá um exemplo de vida que todos deveríamos seguir. De qualquer coisa negativa, das mais simples às mais graves, ela consegue encontrar um motivo para ver um lado positivo e desta forma vive sempre feliz. Tornando as pessoas ao seu redor mais tranquilas, conseguindo mudar o modo delas enxergarem a vida e viverem mais positivamente, mesmo com todos os revezes que possam surgir.
Jania Souza: Meu livro de cabeceira é a Bíblia. Sou cristã e amo os ensinamentos de Jesus. Se ele vivesse na Terra hoje, com certeza seria pop star ou guru e eu estaria em seu encalço como uma das fãs mais alucinadas. Provavelmente daria uma de Maria Madalena. Leio todos os gêneros, mas o livro sagrado encontra-se em minha rotina.
Tainara Cezar: Meu livro preferido é Orgulho e Preconceito, de Jane Austen. Tive o prazer de ler esse livro em uma viagem de amigos e fiquei encantada em como o livro conseguia ser tão elaborado, cheio de camadas de personalidades, como toda a história ficava dramática, mas com toques de suavidade envolvendo o drama do casal principal, representado como orgulhoso e preconceituoso um com o outro, mas ambos apaixonados. Os conflitos sobre as expectativas sociais, as lutas internas e o próprio sentimento me cativaram.
Rosa Acassia Luizari: Mulheres empilhadas, de Patrícia Melo. Gosto muito da escrita espontânea da autora. No romance, ela faz um alerta e um retrato não convencional da mulher contemporânea. Oferece elementos para se pensar nas consequências irreversíveis de relacionamentos tóxicos, quando a letra da lei é uma simples coadjuvante ou o amor por si mesma deixa de ser prioridade.
Lígia Messina: Meu livro de cabeceira, atualmente, é o Evangelho Segundo o Espiritismo, de Allan Kardec. Esse livro é importante em minha vida, porque jamais havia lido as passagens do Evangelho de Cristo com atenção e mesmo com interpretação. E, isso, faz com que eu me conheça melhor e estruture minha Reforma Íntima. Ou, seja, é um livro com objetivos bem pessoais.
Valeria Faria: Não diria que tenho um único livro preferido. Mas, no momento, Perdas e Ganhos, de Lya Luft, está ocupando um lugar especial nas minhas releituras. Nesses tempos, em que estamos atravessando um período difícil para toda a humanidade, as reflexões sobre vida e envelhecimento povoam os meus pensamentos. Dialogar com os amigos imaginários da infância, sem perder a sanidade, pode abrandar a ansiedade desses dias.
Veronica Matioli: O meu livro preferido é Persuasão, da Jane Austen. Um romance onde o tempo não conseguiu mudar o sentimento de dois corações separados. Ele nos mostra que no tempo certo tudo vai acontecer. A escrita da Austen é uma verdadeira inspiração para romancistas como eu.
Fábio Daflon: Meu livro de cabeceira é Tudo é mistério, de Alceu Amoroso Lima, porque tem a sensatez do pensador católico em nada fundamentalista, sendo um ótimo texto de contraponto a qualquer e todo o tipo de fundamentalismo. Tenho dito”.
Raquel Lopes: O meu livro preferido é O menino do dedo verde, de Maurice Druon, pois é uma injeção de imaginação no meu mundo literário. É um livro com uma história linda e de mensagem profunda. Fabuloso!
Leonardo Andrade: O meu livro favorito é uma antologia de poemas do Neruda, o poeta do Amor. Ele fala de amor como ninguém e certamente é uma espécie de norte inatingível de todo poeta. Se formos falar de ficção, meu livro predileto é A Sombra do Vento, do Carlos Ruiz Zafón, passado em 1945 em Barcelona. É uma história mágica e cheia de significados. Esse ano estive em Barcelona e me senti como Daniel Sempere, o personagem principal do livro, explorando uma Barcelona moderna, mas não menos inesquecível.
Rita Queiroz: Meu livro preferido é As brumas de Avalon. Comecei lendo o volume 1 e fiquei encantada com a história dos reinos celtas (em que as mulheres tinham uma participação efetiva na sociedade e a Terra vista como a verdadeira Deusa), Fada Morgana, Merlin e Rei Artur. Não consegui parar e li os outros três volumes. Há uma imagem que me marcou que foi a da lagoa, entre brumas. Quando fui a Ilhéus (cidade baiana) pela primeira vez, visitei a lagoa encantada e me vi em Avalon. Até hoje, passados tantos anos da leitura, ainda me recordo de muitas imagens.
Maria Antonieta Gonzaga Teixeira: O meu livro de cabeceira é a Bíblia Sagrada. A Bíblia é muito importante para mim, porque responde meus questionamentos, pondera minhas ações e sobretudo alenta e conforta minha alma – o meu viver. Penso também que é o livro que ensina o amor e o respeito para com todos. É o livro cujos ensinamentos, se seguidos, nos leva à felicidade plena.”
Marcus Hemerly: Não tenho um livro favorito, em decorrência das flutuações anímicas comuns ao homem sensível, quanto às interações com as artes, tal como na literatura. Contudo, meu livro de cabeceira é Ficções do Interlúdio, de Fernando Pessoa. Aprecio, pois as feições etéreas e oníricas da poesia, mormente o tom quase filosófico dos versos de Pessoa, transmitem um senso de reflexão apropriado a uma leitura diária.
Fabio Carmo: Meu livro de cabeceira chama-se O Anticristo, do filósofo alemão Friedrich Nietzsche. Esta obra nos ensina, ao criticar o cristianismo e, não a Cristo; que devemos responder aos nossos verdadeiros anseios enquanto ser no mundo, evitando aceitarmos caricatas formas éticas, que nos distanciam de nossa natureza humana.”
Angeli Rose: Grande Sertão: Veredas, de Guimarães Rosa, é o meu livro preferido em prosa. E em poesia, A rosa do povo, de Carlos Drummond de Andrade, é daqueles que me faz voltar às páginas sensíveis. Para mim, ambos são formadores de caráter e de sensibilidade estética bem nos termos da tese do crítico literário Antônio Cândido em O direito à literatura.