Lembro-me da vez primeira que o personagem Abelha apareceu nos contos da Giovana, durante as oficinas literárias da Pragmatha Editora. Era uma figura singular e marcante, com o magnetismo dos que se sentem bem habitando a própria pele. E o mais instigante: que têm muita história para contar.
Ora, detetives são imperadores no reinado das narrativas investigativas. Se bandidos muitas vezes seduzem esbanjando charme, os investigadores são seu contrapeso correspondente. Não por acaso muitos professores exploram contos, novelas e romances com esses personagens para estimular em seus alunos o gosto pela leitura. Quem matou? Quem roubou? Quem traiu? O leitor é fisgado e ato contínuo passa a raciocinar como se o próprio detetive fosse. Quem, página a página de leitura, nunca suspeitou e deu palpite sobre a autoria dos crimes antes mesmo deles serem elucidados?
E a Giovana, escritora versátil e dedicada, sentiu o potencial do personagem que recém havia parido. Começou a desdobrar possibilidades, acrescentar camadas objetivas e subjetivas de caracterização do personagem. Criou um cenário bucólico e aconchegante na pequena Albuquerque. Situou os personagens em um tempo sem muitos recursos tecnológicos de investigação, o que potencializou ainda mais a astúcia do protagonista.
E a mim, enquanto editora, Giovana brindou com muitas tardes literárias, sempre às quintas, quando aconteciam os encontros da consultoria literária. A cada conto, eram novas as pistas, os crimes, os perfis de suspeitos e técnicas de investigação. Giovana queria diversificar, inovar… E tudo por quê? Porque, como diria Abelha, nada é o que parece ser.
Desejo uma ótima leitura.
Sandra Veroneze
Editora