Prefácio | “Aventuras e Memórias sobre rodas”

A diretora da Pragmatha, Sandra Veroneze, está prefaciando a obra “Aventuras e Memórias sobre rodas”. Confira!

Às vezes um carro é apenas um meio de transporte, ou uma “condução”, como se dizia antigamente. Outras, é um endereço ambulante de afeto e praticamente um membro da família. E é disto que fala “Aventuras e Memórias sobre rodas”.

Quando eu soube que o Centro de Escritores Lourencianos estava preparando um livro com lembranças relacionadas a automóveis e motos, confesso que fiquei entusiasmada. Como se diz popularmente, tenho “ferrugem no sangue!”, ou seja, adoro veículos clássicos (nunca use a expressão “velho” se quiser evitar uma briga). E, afinal, quem não tem uma bela história ― especialmente na perspectiva do “ruim de passar, bom de contar”?

Lembro de uma amiga que, durante uma prosa no final do expediente, relatou a aventura que viveu com um Fusca. Em meio a uma tempestade, o veículo resolveu que não era um bom dia para o limpador de para-brisas funcionar. Ela dirigiu quilômetros com a cabeça pra fora, feliz porque estava indo pra casa e não a um encontro com o namorado ou para o trabalho. Outro amigo resolveu com os coleguinhas dar uma volta de Kombi enquanto os pais dormiam num domingo à tarde. Alguém ficava nos pedais e outro ao volante, porque, afinal, ninguém tinha tamanho pra exercer as duas funções simultaneamente. O veículo foi resgatado algumas quadras abaixo pelos pais que, tão irresponsáveis quanto o filho, ficaram escondidos no cantinho da janela apreciando a travessura da criançada.

“Aventuras e Memórias sobre rodas” me fez lembrar de quando aprendi a dirigir num Chevette. Diziam que era o melhor para esta finalidade, porque a roda girava mais. Até hoje tenho dúvidas quanto a esse detalhe técnico, mas costumo dizer com orgulho que tirei de primeira tanto a carteira de moto quanto de carro (na época não existia autoescola e nem a tal “indústria da reprovação” como muitos aspirantes se queixam).

Ficar sem combustível? Foi lindo. Éramos adolescentes dando voltinhas numa cidade do interior, em pleno sábado ensolarado. Minhas amigas paquerando e eu morrendo de vergonha e me perguntando por que não saí de carro e não de bicicleta. Na primeira série, eu tinha uma professora que vinha do centro ao bairro para lecionar e no caminho ia arrecadando a criançada na caçamba de sua Pampa. Algo inimaginável pros dias de hoje. E me lembro também que quis muito que meu primeiro carro fosse uma Brasília, mas a dona desistiu na última hora e acabei optando por um Scort. Não o XR3 vermelho, que era o sonho de todo mundo na época. Mas vermelha foi minha segunda moto, uma Titan lindona e da primeira leva com aquele motor mais silencioso.

Depois vieram os carros modernos, com câmbio automático, computador de bordo, design arrojado… E tudo perdeu a graça.

Assim, resta-me a esperança de um dia realizar o sonho de comprar um Fusca. A argumentação está ensaiada e forte aqui em casa. E devo dizer que o contra-argumento também. Recebo muitos vídeos de Fuscas sendo empurrados por seus donos…

Nostálgico, não? Então não se demore na leitura das próximas páginas. Diversão e emoção garantidas! E quem sabe você se lembra de alguma história e queira contar também? Eu, particularmente, estou na torcida para que o CEL dê continuidade a este projeto.

Ótima leitura!

Sandra Veroneze

Editora