Prefácio | A fascinante serra do Ramalho, de Váldima Fogaça

A escritora Váldima Fogaça publicou, pela Pragmatha Editora, o romance “Maria Antonieta da serra do Ramalho”. O prefácio é do filósofo José Anchieta de Oliveira. Confira!

“A poeta Váldima Fogaça, após a publicação de três livros de poesia, enfrenta, com determinação e coragem, um novo desafio: o romance com o sugestivo título de Maria Antonieta da serra do Ramalho, que nos remete, de imediato, ao mundo fascinante e misterioso das serras, que povoaram a nossa imaginação infantil e que perduram para sempre em nossas mentes, num misto de pavor, deleite e encantamento.
Por acreditar ser o gênero romance aquele mais exigente para um autor, aquele que mais lhe cobra, que é cruel e que pode ser devastador até para o mais experimentado romancista, penso que a autora conseguiu sair-se bem nesta nova empreitada.
Se podem ser apontados alguns senões, como lacunas de composição ou excesso de explicações em algumas cenas narradas, isso deve ser creditado ao fato de tratar-se de uma iniciante no gênero, ainda à procura de um estilo próprio. Narrado em primeira pessoa, o romance é o retrato de uma menina/moça sofrida, de suas angústias, decepções, injustiças, incompreensões, amores, morte, sonhos, pobreza, crescimento, permeado, aqui e ali, por efêmeras alegrias.
Arrebatadora, passional, insegura, Maria Antonieta apaixona-se com uma facilidade incrível. Está sempre à procura de compreensão por parte dos outros e de um amor eterno. Naturalmente, as decepções são inúmeras. O que admira é a capacidade de soerguer-se sempre dos escombros e das derrocadas, de, como uma fênix, renascer sempre nova; de tirar forças dos fracassos de forma inesgotável para recomeçar sempre com a mesma determinação de antes.
Alimentada pela paixão em tudo que faz e em toda sua vida, a narradora personagem não teme correr o risco de afirmar como verdade que “a paixão é o combustível do mundo”.
Na verdade, a personagem por excelência do romance é a serra do Ramalho. Misteriosa, sonolenta, fascinante, amedrontadora, eterna, subjaz em toda a narrativa como presença nos destinos de personagens e fatos. Tão próxima do olhar e, ao mesmo tempo, quase inacessível, rivaliza com Maria Antonieta: anseia a felicidade e ela lhe foge quando já estava ao alcance das suas mãos. A serra do Ramalho marca tanto o romance e a narradora que, mesmo inconsciente, quando está se lembra com carinho de seu caderno escolar mais amado, é justamente aquele que traz na capa uma foto de uma serra e que Maria Antonieta, olhando embevecida para aquela imagem, sonha poder um dia ir até o topo, alcançar o céu.
É inevitável que o romance ecoe muitos dos poemas da autora, como “Quero Recomeçar”, “Causos da Roça”, “Sou Menina”, do livro A Poetisa do Tempo, entre tantos outros de suas demais obras, especialmente na segunda parte de “Que Eu Leve Poesia”.
Maria Antonieta da serra do Ramalho é um romance de estreia que merece ser lido, apreciado por todos aqueles que gostam de uma boa história.”

José Anchieta de Oliveira
Filósofo