Tem uma luz acesa no seu apartamento, certamente você está em casa nesse momento.
Tomo coragem para tocar a campainha e espero que você esteja sozinha.
A conversa será difícil e definitiva, mas não há outra alternativa.
Muito já foi antecipado, o olhar dissimulado, um assunto evitado, outro não conversado… Não tem jeito, agora tudo precisa ser verbalizado.
Já adiamos demais por comodismo ou medo de deixar o cais, mas não vai mudar, nossa história não funciona mais.
Em algum momento, o ponto tem que ser final, já está nos fazendo mal, o rompimento é inevitável e natural.
Diria que buscamos inúmeras alternativas, mudamos nossas perspectivas, abrimos mão de várias expectativas, mas ficamos presos nas evasivas.
Foi mais que bom e de alguma forma, sempre será, muita coisa boa permanecerá.
Precisamos tomar direções diferentes na bifurcação para mantermos o carinho e a doce ilusão longe da queda e da degradação, da mágoa e da destruição, vamos manter acesa, mesmo distante, a pira da paixão, uma doce lembrança para as noites de solidão.
Respiro fundo, acho que já esqueci tudo que queria dizer, vou abrir a boca e deixar a emoção verter, nem sei mais o que fazer, vou deixar acontecer.
Toda convicção foi embora, a certeza saiu fora; e agora?
Bom, talvez coloque uma vírgula no lugar do ponto e pronto, adiarei mais uma vez o confronto.
Você abre a porta e quando lhe vejo, solto um arquejo, dispara o desejo e só quero seu beijo.
Tudo mais desaparece, quanto ao que disse, desculpe caro leitor, esquece.
Por Leonardo Andrade
Texto integrante dos exercícios literários propostos pela Pragmatha Editora em suas redes sociais aos domingos