“Personagens que serão odiados podem render mais”

Magno Machado de Freitas é professor de Língua Portuguesa em São Lourenço do Sul/RS. É membro do CEL – Centro de Escritores Lourencianos, tem 32 anos e está trabalhando na composição do seu primeiro romance, pela Pragmatha Editora. Também é um dos coautores da obra Proseiros | Contos e nesta entrevista fala sobre a experiência de integrar o projeto.

O que representa pra você participar desta antologia?

É a realização de mais um sonho, pois, com o passar do tempo, com este grupo, tínhamos que ter a concretização dos nossos projetos. E esse é muito especial, principalmente com as pessoas que fazem parte.

No conto Novos ares, um trecho diz assim: Minha vida é bem besta, às vezes. Passo o dia inteiro na casa da minha irmã caçula, a Bia. Ela tem tantas coisas para fazer. Saio da minha casa, vou bem cedo para lá. Ela já me espera com aquele bolo de fubá bem quentinho que nossa mãe nos ensinou. Eu odeio cozinha. Odeio! Pergunta: o que é mais desafiador pra você, desenvolver personagens que serão amados ou odiados? E qual deles você mais gosta?

Personagens que serão odiados podem render mais, até pelo fato de que todos podem ter seu lado ruim revelado na narrativa. É preciso acontecer algo na vida deles. Eu prefiro os odiados.

No conto O padrinho você escreve em primeira pessoa. É uma preferência sua? Ou houve algum motivo especial pra, neste trabalho, ser assim?

Neste trabalho, eu senti a necessidade de escrever em primeira pessoa, pois, como sou pertencente à comunidade LBGTQIA+, acredito que as dores são um pouco compartilhadas. Eu me identifico com as duas formas: primeira e terceira pessoas.

No conto Pulmões temos uma história de amor que termina em tragédia. E, de alguma forma, você toca numa pauta muito importante, que é a homofobia. Você acredita que a literatura pode ou deve ser esse lugar engajado a estas e a tantas outras causas?

Com certeza! A vida está cheia de problemas, porém, de forma despretensiosa (lendo um conto, por exemplo), é possível refletir sobre nossas ações, nossos preconceitos.

No conto A penteadeira você diz que se envolver com espíritos não é uma boa ideia. Quais são as suas principais fontes de inspiração?

Eu me inspiro em coisas que aconteceram e também em algo que invento. Para este conto, todos desacreditavam da menina, e deu no que deu. O respeito pelas pessoas é sempre bem-vindo.

Destes contos, qual o seu preferido?

Eu sei que não posso dizer “todos”. Por isso, escolho “Pulmões”, pois traz um romance e tragédia.