“Meu querido diário…”
Assim começavam os registros das meninas-moças desta terra em tempos que já foram e que muitos não vivenciaram. Tempos em que a comunicação era diferente, sem a tecnologia que hoje nos parece tão natural, na qual somos inseridos ao nascer.
Naqueles tempos as notícias vinham a cavalo num chasque, pelo rádio, pelas escassas visitas que vinham de longe, “do povo” ou da capital…
Ideias, sonhos, fatos eram registrados em papéis. Documentos eram firmados com fios de bigodes ou assinados com canetas que funcionavam com tinteiros.
As meninas-moças registravam o que lhes acontecia e o que sonhavam em pequenos diários fechados a chave e bem escondidos dos olhos alheios. Havia um código de ética natural que não permitia mexer nele, a não ser se a maldade tomasse conta de algum interesseiro ou se os pais percebessem grandes mudanças comportamentais na menina e o segredo para tal poderia estar registrado nele.
Tantas coisas aconteciam nesse tempo, muita coisa não foi registrada, muitos diários se perderam fechados, muitos chasques não foram passados adiante, muitas notícias permaneceram nas ondas do rádio: não havia como gravá-las. A maioria das coisas da vida desses tempos era passada de “pai pra filho” nas conversas, nas vivências, na observação, pelo exemplo.
Mas a maior parte das coisas desses tempos se modificaram com os avanços tecnológicos e com as mudanças sociais, costumes desses tempos ainda estão nas nossas vidas, mas não mais os reconhecemos pois estão inseridos em novos hábitos e aspectos.
Existem muitas pesquisas sobre a origem e a cultura deste povo, seus costumes, seus polos irradiadores… Cabe agora registrar um passado recente de nossa tradição; se faz necessário para que não percamos nossas raízes, para que não deixemos nossa essência apenas subentendida em novos hábitos sem que possamos ter ela como suporte, como o que sempre norteou homens e mulheres desta terra.
O exemplo: Parece que ser exemplo é algo tão subjetivo, imperceptível o momento em que isso “acontece”, o momento da aprendizagem. Mas a comunicação não verbal fala alto nesses momentos, na verdade ela grita! Um olhar, aquele olhar, o olhar do aprendiz escancara esse momento único da aprendizagem:
Assim começo o registro de nossa identidade gaúcha, a história mais recente deste chão… Um projeto que vai buscar na comunidade, nas famílias, a mais pura tradição que está em nossa vida. Registremos o que é nosso, para que não nos esqueçamos quem somos!