JD16, MT11, GD13, SP10, VB14, MB15, AMC8, NC9 e MCF12, na obra “O quarto pilar”, não são senhas ou códigos. O composto letras+números identifica e inclusive nomina os personagens principais. Mas como foram criados? E o que está por trás desta escolha?
O projeto de escrita de “O Quarto Pilar”, segundo a autora Cleia Dröse, tinha claro desde o início que se trataria de um mundo distópico. Como tal, a vida das pessoas seria bem diferente da que conhecemos. Os personagens teriam perdido tudo o que a civilização construiu ao longo da história, inclusive uma identidade e um nome. “Eram apenas peças dentro de uma engrenagem”, explica a escritora.
O processo de identificação dos personagens começou de forma aleatória. Cleia divulgou nas redes sociais que estava escrevendo um romance e procurava pessoas dispostas a desempenharem a função de leitores-delta e darem feedback. “Vários amigos fizeram contato e enviei os primeiros capítulos. A partir do retorno que os leitores davam, os personagens adquiriram personalidade e, mais ou menos pela metade da trama, pedi permissão para relacionar o nome do leitor a um personagem que seria descendente dessa pessoa real”.
Deste ponto em diante, segundo Cleia, foram intensificadas as características de seus amigos no personagem que representaria sua linhagem. E como foi a recepção? Segundo Cleia, eles só souberam qual personagem tinha a ver com eles quando o romance foi concluído e trocou as letras aleatórias pelas iniciais dos nomes reais, seguido do número que representa a que geração pertence o descendente.
Assim nasceram, JD16, MT11, GD13, SP10, VB14, MB15, AMC8, NC9 e MCF12 que desempenhavam, dentro da trama, uma função e um objetivo, mas com o decorrer do enredo se revelaram mais humanos do que a princípio se acreditava. Segundo Cleia, foi uma experiência muito intensa. “Ao mesmo tempo em que era a autora, em certos momentos eu dividia com eles a construção do enredo”.
E faria novamente? Cleia garante que não sabe se arriscaria repetir a fórmula, “apesar de ter consciência do quanto foi importante e decisivo para que O quarto pilar evoluísse da forma que evoluiu em termos de conceitos e mensagens.