O ônibus chegou

O ônibus chegou. Os passageiros começaram a desembarcar. Ela, ansiosa, buscava entre eles o rosto que apenas havia visto através da tela do computador. Ele tinha que estar entre essa gente simples que havia ido à cidade grande por algum motivo especial. Ansiava por ouvi-lo recitando poesias e dizendo palavras carinhosas, como fazia através da telinha. Houve um momento que temeu que não tivesse vindo. Mas, de repente o reconhece, descendo do ônibus com uma valise pequena. Aí estava seu príncipe!

Mas, ao inverso dos contos de fadas, não demorou para que o príncipe virasse sapo. Uma das primeiras coisas que falou depois de se cumprimentarem foi “isso é a estação rodoviária de tua cidade?” Para em seguida questionar “tu estás a pé? não tens carro?”

Jantaram juntos. Foi o máximo que pôde suportar. Nunca mais se viram. Há males que melhor cortar pela raiz. E há príncipes que literalmente se transformam em sapos. Pobres sapos! Nem merecem essa comparação.

Por Cleia Dröse

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Texto integrante do projeto de exercício literário proposto pela Pragmatha Editora em suas redes sociais. Participe! Em caso de dúvida, converse com a editora Sandra Veroneze pelo e-mail sandra.veroneze@pragmatha.com.br