Naturalmente natural

Suspirou aliviado. Daniel não se conteve e chorou quando a parteira abriu a porta e o chamou, avisando que o bebê havia chegado. Milena, sua esposa, quando soube que estava grávida, logo veio com essa ideia de ter um parto domiciliar. E que fosse natural. Que é o parto normal sem intervenções, como anestesias, episiotomia (corte cirúrgico feito no períneo) e indução. A princípio, Daniel foi contra. Mas Milena estava irredutível. Dizia que o melhor seria nascer em um ambiente acolhedor e familiar, não num clima frio de um hospital. Milena tinha dessas coisas. Nem o sexo quis saber antes, afinal, já havia sido hippie na juventude. Ainda bem que escolheu ter o bebê em casa. Já imaginou se quisesse ter numa mata fechada, totalmente natural, sem acompanhamento e o cordão umbilical ser rasgado nos dentes? — pensou e sorriu. Que horror! Ele não conseguiu participar. Sabia que daria trabalho se estivesse assistido ao parto.

Daniel entrou no quarto, olhou para Milena. Dava para ver o cansaço, mas a felicidade era mais visível naquele olhar. Em seus braços estava o seu rebento, que era uma pequena e linda menina. Ele chegou, beijou a testa de sua amada. Olhou para aquela criança se alimentando no seio materno. Suspirou novamente aliviado. Ela veio naturalmente natural.

Por Giovana Schneider

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Texto integrante do projeto de exercício literário proposto pela Pragmatha Editora em suas redes sociais. Participe! Em caso de dúvida, converse com a editora Sandra Veroneze pelo e-mail sandra.veroneze@pragmatha.com.br