Naquele inverno, ele decidiu que não hibernaria e sim intensamente viveria.
Não ficaria à espera de uma nova e imprevisível primavera, fugiria da perigosa armadilha da quimera.
Não se refugiria em algum canto remoendo e secando seu pranto tentando resgatar o antigo encanto.
Ele faria sua própria estação, traria o calor e o brilho do verão para seu combalido coração.
Distante do sono do outono e do seu inevitável abandono, tomaria as rédeas do seu corajoso pioneiro e deixaria de lado o passivo colono.
Naquele inverno, tudo seria bem diferente, completamente ciente do tempo impermanente, tomaria a frente, cavaria no gelo e plantaria consciente sua semente.
Cada estação, um quarto, uma fração, uma versão, uma diferente perspectiva sobre a mesma situação, jamais um problema e sim a possibilidade de uma apoteótica solução.
Aprenda com o inverno a se recolher para se recuperar, com o verão a aparecer e brilhar, com o outono a descartar para se recriar e com a primavera a morrer para se redesenhar e voltar.
Por Leonardo Andrade
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Texto integrante do projeto de exercício literário proposto pela Pragmatha Editora em suas redes sociais. Participe! Em caso de dúvida, converse com a editora Sandra Veroneze pelo e-mail sandra.veroneze@pragmatha.com.br