Pela Pragmatha Editora, Elizabeth Ceron está publicando seu primeiro livro, “Anseios”. Gestado principalmente ao longo da pandemia, trata-se de uma seleta de poemas em português e coreano, idioma cujo aprendizado a autora se lançou ao desafio. Nesta entrevista, Elizabeth fala sobre seu processo criativo e significado do livro em sua vida.
Como surgiu a ideia do livro?
Em 2021 foi o ano do centenário de minha mãe Reyzina Vianna Ramos. Estávamos em isolamento devido à pandemia e pensei homenageá-la, pois sempre me incentivou a escrever. Escrevo mais poemas brancos, então fiz uma escolha entre eles, alguns já haviam sido publicados, outros inéditos, escritos para o livro. Comecei o projeto.
Do que trata a obra?
Trata de um livro de poemas, bilingue português-coreano. Acredito que seja um projeto inédito em minha cidade, pois desconheço outra. Há publicações em português-espanhol, português-inglês, português-alemão, português-francês, mas em coreano nunca vi.
Como foi o processo criativo?
Meu processo criativo é fluido e espontâneo, não há hora nem lugar. A ideia surge e logo vou escrever. Estou sempre munida de caderno e caneta para não perder o fluxo. Assim, vai nascendo livremente. Quando escrevo um verso, nunca sei o que virá a seguir. As palavras vão surgindo, escorrendo no papel. Acho interessante o que ocorre. Não saberia explicar exatamente, o processo. É como compor uma música, vai tocando e a melodia vai surgindo. É assim que ocorre o meu processo criativo.
Quais as maiores alegrias?
Ver o final do processo, quando as palavras tomam corpo e fazem sentido. É gratificante desvendar a mensagem final. É a maior alegria. É uma sensação ótima.
Quais foram os maiores desafios?
Estudar coreano foi um desafio que me fiz. Não queria ficar aposentada, estagnada em processo de corrosão. O envelhecimento vem, queiramos ou não, ele chega. Estou estudando coreano há dois anos. Estou engatinhando no idioma. Sou uma criancinha descobrindo uma nova linguagem, uma nova cultura, muito diferente da nossa. Sei ler, mas ainda não tenho fluência. O tempo urge e não me senti capacitada de executar sozinha. Recorri ao meu professor Kwon. Ele pediu-me para ver o material e aderiu ao projeto. Para ele, também foi uma experiência inédita, pois é sua primeira tradução de uma obra para coreano. Sou muito grata ao seu auxílio, pois viabilizou o projeto em tempo recorde. Se dependesse somente de mim, levaria muito mais tempo.
O livro deixa alguma mensagem?
Todos os livros deixam mensagens. Em meus “Anseios”, não será diferente. Cada pessoa que o ler, fará sua própria interpretação. Dependerá de qual sintonia lhe tocará em suas almas, então terá a sua própria mensagem.
O que representa escrever para você?
Escrever para mim é uma grande catarse. Derramo todo o meu sentimento e emoção do momento. Levo e entrego o meu íntimo. É um desnudar-se, mas quando o faço sinto-me extremamente aliviada. Agora, com a publicação, espero que minhas palavras possam confortar, abraçar e embalar todos que as procurarem. Que possam tirar proveito, algum ensinamento ou aprendizado. Somos todos meros viajantes nessa jornada.