“Filmes Nacionais no Instituto Federal” é o livro que o professor Dudlei Floriano de Oliveira está lançando com assessoria da Pragmatha. Ele é apaixonado tanto por literatura quanto por cinema e encontrou uma forma de unir as duas artes. A obra apresenta uma coletânea de filmes nacionais, com sinopse e sugestões de como trabalhá-los em sala de aula, especialmente por professores de ensino médio. Nesta entrevista, Dudlei fala sobre as particularidades do cinema nacional e sua importância como recurso didático para aquisição de conhecimento e construção de consciência crítica.
Qual sua opinião sobre o cinema nacional?
Vejo a produção nacional como muito diversa e por isso rica. Para a pesquisa que gerou o livro, quando comecei a pensar nos filmes brasileiros que já havia assistido, percebi que tendem a ser muito bons, bem produzidos. Eles dialogam com diferentes faixas etárias, têm qualidade, são acessíveis e promovem o pensamento crítico.
Quais as particularidades do filme nacional em relação ao estrangeiro?
O cinema nacional carrega a característica de seu povo: a diversidade. Temos filmes de comédia, terror, suspense, drama. O grande público está mais acostumado com produções baseadas em esquetes, programas de televisão ou peças, que exploram a comédia. E eu acho muito interessante essa característica do povo brasileiro de gostar de rir no cinema. Mas além da comédia, há muitos outros filmes excelentes que são pouco conhecidos. Confesso que muitas vezes fui ao cinema sem saber muito o que esperar de um filme nacional e acabei positivamente surpreendido.
Você é otimista quanto ao desenvolvimento do cinema nacional?
Sim. Durante o meu processo de pesquisa percebi que tinha mais filmes bons para assistir do que tempo disponível, considerando as diretrizes brasileiras de utilização de filmes como recurso didático nas escolas. Isso me deixou bastante animado. Na última década, especialmente, o cinema nacional cresceu muito. Temos muitas produções originais. Claro que, como todo cinema no mundo, tem seus altos e baixos. Uma característica que aprecio muito é a paixão que os atores e produtores demonstram. Talvez decorra da dificuldade que é fazer cinema no Brasil. É uma motivação diferenciada, genuína. Os atores querem contar aquela história, porque ela representa algo pra eles próprios e para o próprio povo brasileiro.
Qual a importância dos filmes como recurso didático?
É gigante. Cito o exemplo da Segunda Guerra Mundial. É um evento que está no imaginário da população, especialmente porque foi imortalizado nas telas do cinema. O cinema rompe a barreira do espaço e do tempo. Por ele, nos é dado conhecer sobre acontecimentos muito distantes tanto geograficamente como no tempo. As produções audiovisuais, estejam no cinema ou na televisão, em forma de filme, novela ou série, moldam a nossa visão de mundo. Trazem informação, novos pontos de vista, e por isso entendo o cinema como um grande aliado na construção de conhecimento e educação de nossos alunos.
O que o cinema representa para você?
Eu cresci vendo os filmes da Disney. Fui ao cinema pela primeira vez aos sete anos para assistir A Bela e a Fera. Em casa tínhamos o hábito de ver filmes em família e meus pais costumavam perguntar sobre o que eu tinha achado do filme, o que foi possível aprender com determinado personagem ou situação. Era diversão e era também uma forma de aprendizado. Eu cresci e trouxe isso para a minha prática como professor. O cinema tem esse potencial para entretenimento, emoção, mas também para reflexão crítica. É uma arte rica, porque se utiliza da combinação de diversos signos e linguagens, como a imagem e o som. Esta integração de códigos da linguagem cinematográfica permite ao estudante desenvolver diferentes sensibilidades.