Mais três horas e estaria tudo acabado, o voo já tinha sido confirmado, cessando de vez a esperança de que fosse cancelado.
Contava com o destino para intervir, pois da armadilha em que entrei já não conseguia mais sair, preso nos fios da teia que criamos, inerte, estava impossibilitado de agir.
O último laço foi rompido, o elo definitivamente partido e o castelo de areia destruído.
Não foi um impulso e sim uma decisão pensada, por muito tempo maturada; já estávamos em pontos muito distintos da estrada. Toda relação estava contaminada e errada.
Não sei precisar onde tudo começou a mudar, as flores a murchar, os sorrisos a cessar e o Amor a se retirar. Foi saindo à francesa, levando toda sua infinita beleza e deixou só indiferença e tristeza.
As migalhas que restaram não eram suficientes, já não havia mais sementes e as guerras mais que iminentes.
Saí para preservar o passado, todo sentimento que foi vivenciado, tentar manter o que houve de lindo, imaculado, antes que tudo fosse soterrado e inevitavelmente apagado. Agora, tudo que resta são distantes lembranças do passado.
Foi como uma miragem, o deserto retomou a paisagem e preciso seguir viagem.
Acabou meu cacife, não posso mais pagar esse altíssimo preço, preciso de um recomeço em outro endereço.
Parto sem olhar para trás, vou em busca de paz, até nunca mais.
Por Leonardo Andrade
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Texto integrante do projeto de exercício literário proposto pela Pragmatha Editora em suas redes sociais. Participe! Em caso de dúvida, converse com a editora Sandra Veroneze pelo e-mail sandra.veroneze@pragmatha.com.br