Transparências e Transposições — Ensaios Sobre o Existir e o Viver em Sociedade é um exercício filosófico por excelência: primário, basal, raiz. Quem garante é a autora Ana Rita de Calazans Perine. A obra tem o selo da Pragmatha Editora e se divide em cinco partes: Fronteiras imagéticas — entes e mundos, Em sociedade — desafios e possibilidades, Vestígios do real — desbloqueio e alforria, Em clínica — humanismo e emancipação e Usina poética — remadas e rimas.
Ana é filósofa clínica, pesquisadora, educadora, mobilizadora social e empresarial, além de idealizadora e coordenadora do movimento “Artes, Ciências e Humanidades”, em prol da diversidade de expressão, da confluência de saberes e do caráter emancipatório do pensamento humano.
Confira trechos do texto de Introdução:
A filosofia — enquanto assombro e encantamento diante do que me toca, atravessa e transforma — permeia minha infância, formações que tive e escolhas que fiz. Percebo-a viva, pulsante, fluida, apta a acolher sob a proteção de suas asas, de forma humanamente gregária, tantas linhas de pensamento e expressões quanto abrigam nossas historicidades. Ela não deveria ter teto que a limitasse, nem chão que dela se apropriasse. Uma entre tantas incoerências nossas…
De um lado, a arrogância da exclusividade, enquanto propriedade privada almejada e disputada sem freios: afasta, fragmenta e separa. De outro, a constatação de que mundos, aparentemente distintos, também são nossos e precisam ser legitimados: esbofeteia, fere e vitimiza. Com potencial de unir as duas pontas, transformar vidas e gerar mais humanas sociedades, reconhecendo que singularidade e alteridade sustentam acolhimento e escuta, em nós e entre nós: a evidência de que as vicissitudes humanas trazem similaridades de impasses mesmos afastados por fronteiras econômicas e culturais, geográficas e cronológicas.
Como o título sugere e o subtítulo esclarece, Transparências e Transposições — Ensaios Sobre o Existir e o Viver em Sociedade é um exercício filosófico por excelência: primário, basal, raiz. Nele, o mergulho na densidade do estar no mundo faz emergir sutilezas do ser em constante relação consigo e com o meio. Entre cenas que ocultando revelam o enigmático pacote vida se mostra, acompanhado de efêmeras nuances que fazem bailar luz e sombras no jogo que agora se eterniza brincante. Seus encantos, assombros, suas alegrias e tristezas deságuam embalados por processos de pesquisa, experimentações e autodescoberta.
As emoções e pensamentos que compõem essas livres narrativas, como ar e fogo, fornecem os subsídios necessários à combustão que faz eclodir o humano: híbrido e multifacetado, austero e jocoso, infantil e maduro, inquiridor e displicente… Com os pés na Terra, vez ou outra chafurdando na lama mais do que gostaria, mas com os olhos buscando o Céu!
Seja em prosa ou verso, sereno ou tempestuoso, o texto flui na cadência da vida, sem absolutilizar regras e métricas, expresso em ritmos e contra ritmos próprios, movimento e pausa, voz e silêncio. Marcações ligadas a momentos pontuais de reconhecimento e busca por individuação, em que representação e apresentação se enlaçam com o existir e com viver em sociedade.
No seu sentido mais lato, humano e aprendiz… Que a humildade adube os jardins da existência, as experiências floresçam, seus frutos sejam compartilhados e suas sementes germinem em renovados campos. Que a esperança vença medo e o amor liberte a voz… Por vidas verdadeiras, impregnadas do melhor de nós mesmos, o que nos capacita a lançar pontes, sinalizá-las e percorrê-las! O que nos conduz a acreditar na potência dos sonhos, abandonar a segurança do porto, abraçar o risco de crescer e singrar mares…
Ana Rita de Calazans Perine
Primavera de 2023