Mara Carvalho Leite é natural de Palmeiras (Bahia). Nasceu em 29 de janeiro de 1954. Publicou dois livros de poesia pela Pragmatha e é participante do Caderno Literário. Participou de várias antologias poéticas pelo Brasil. É tradutora-intérprete, professora de línguas e é apaixonada por literatura. Nesta entrevista, Mara fala sobre a participação na antologia Proseiros | Contos, resultado de oficina literária da Pragmatha Editora.
O que significa pra você participar desta antologia?
Participar desta antologia e das oficinas com os colegas foi muito prazeroso, estimulante e enriquecedor. Quando trabalhamos em grupo, sendo liderados por alguém que tem uma capacidade extraordinária de passar conteúdo e exigir o nosso melhor, a coisa flui naturalmente. Aprendemos mais e desenvolvemos nossas habilidades quando trocamos experiências.
Um de seus contos traz a personagem Dadá, que é uma mulher forte, senhora do seu destino. O que nós, leitores, temos a aprender com essa personagem?
A Dona Dadá é o estereótipo da mulher moderna, que sabe o que quer e luta para alcançar seus objetivos. Tem uma visão clara sobre a vida e nos deixa um exemplo a ser seguido. É uma pessoa de bem com a vida, com muita experiência e que tem muito amor por tudo o que faz.
O conto “O baú do avô alemão” fala de uma grande decepção que o protagonista sentiu, quando soube que o avô não era exatamente quem ele achava que era. Como foi criar a subjetividade deste personagem?
Nesse texto, me inspirei em alguns amigos descendentes de alemães, que têm algumas características marcantes, tais como racismo, preconceitos, prepotência e arrogância e que normalmente falam mal dos brasileiros e os consideram ignorantes; sendo que eles também são brasileiros mas se consideram superiores só porque têm ascendência estrangeira.
No conto O padre rebelde temos um personagem controverso e é uma narrativa que nos faz pensar principalmente sobre valores. Você quis deixar uma mensagem com este conto?
Nesse conto eu tive a intenção clara de denunciar a hipocrisia da Igreja Católica e seus falsos valores morais, para os quais o que interessa é a exploração da devoção e o dinheiro dos fiéis para manter o poder e divulgar suas falsas verdades. É o que faz a Igreja Católica há mais de 2.000 anos.
O roubo da mala tem um trecho assim: Lá longe, nos anos setenta, numa tarde de inverno, três rapazes arrombaram uma janela e levaram uma mala de um apartamento térreo, na Rua Fernandes Vieira, no bairro Bom Fim, em Porto Alegre. Aqui você inicia a narrativa dizendo exatamente pro leitor onde e quando a narrativa acontece. Esse é um recurso bastante comum nos filmes e séries.
Este conto é praticamente uma fotografia que eu descrevo. O fato exatamente como aconteceu. Como na época não existia celular, não pude gravar um vídeo para mostrar, então resolvi registrar como se fosse um filme que estava acontecendo.
Destes contos, qual o seu preferido?
O meu conto preferido neste livro foi o da Dona Dadá, pois me deu um prazer imenso em escrevê-lo. Mas também gostei do baú do avô alemão, pois tive um gostinho bom de revanche ao expor o lado podre do personagem e sua personalidade controversa.