“Escrevendo, liberto meus fantasmas”

Giovana Schneider é uma escritora versátil e que tem na produção literária, além de um delicioso exercício criativo, também uma ferramenta terapêutica. Depois de lançar pela Pragmatha Editora a obra “Do outro lado da vida”, um romance que aborda a experiência de quase morte, agora traz um novo trabalho, em versos. “Poemas dos momentos” é uma celebração ao cotidiano e suas belezas simples e existenciais. Nesta entrevista, Giovana fala sobre o que a obra representa neste momento tão particular que a humanidade vive.

Com seu novo livro, você se lança ao mundo como escritora de poesias. O que muda nesse contato com o leitor, que já a conhece como escritora de prosa?

Gosto do jogo das palavras, e isso quem me conhece sabe muito bem. Acredito que isso define o estado da minha alma. E o contato com o leitor fica melhor ainda. É bom inovar.

Você percebe diferenças no seu fluir criativo, se é prosa ou poema o resultado final do seu trabalho?

Olha, vou te falar uma coisa, não percebo. Acredita? São muitos sentimentos envolvidos, um turbilhão que, confesso, passa despercebido. Vou escrevendo, escrevendo e não me atino para tal coisa, não sei exatamente, se isso seria um erro meu, talvez.

Você é escritora a maior parte do tempo? Daquele tipo que anda com bloquinho e caneta por perto para não perder nenhum verso que possa surgir entre lavar uma louça e regar uma planta, por exemplo?

Sim, me vejo assim, pois tem momentos que eles surgem do nada, e se não anotar logo eles vão embora. Depois fica um pouco complicado lembrar de tudo certinho. Como sempre, tenho comigo uma caneta. Talvez possa faltar o bloquinho, mas escrevo num guardanapo, ou em algum papel que esteja disponível no momento em que surgem. Tenho um hábito de sentar sozinha, que seja na praça, ou até num barzinho, e ficar observando o ir e vir das pessoas. Gosto disso e muitas vezes os versos vão surgindo. 

Nas páginas iniciais você fala o seguinte: “Escrevendo, liberto meus fantasmas”. O que exatamente você quer dizer?

Que exteriorizo escrevendo. Expulso o que muitas vezes quer ficar alojado na minha mente. Vou confessar uma coisa: eu converso muito comigo mesma. Então, é preciso sair. Faço isso escrevendo e assim liberto meus fantasmas.

Em um dos poemas você fala sobre ver o mundo pela sua janela. Como a pandemia influenciou você em seu papel existencial “escritora!”?

Despertou-me para a reflexão. Para minha crença, estes momentos de incertezas mexeram comigo, não no sentindo de desacreditar, e sim de fortalecer a crença. A rotina teve mudanças bruscas. Este foi um dos motivos de como nasceu o poema na janela. É realmente um momento de transformação.

“Amar não é fácil,/ Não é maleável,/ Às vezes reage,/ Às vezes se entrega,/ Às vezes se perde.”  Em seus poemas, você fala de amor e de muitos outros temas. O que a inspira e move?

Acho que tudo. O belo, o feio, a dor e o amor. Os momentos me inspiram, sejam tristes ou alegres. As palavras vão surgindo, algumas vezes até como um desabafo.

O que esperar de seu novo livro, “Poemas dos Momentos”?

Que muitos momentos podem virar poemas, e que muitas vezes não percebemos isso. Espero que apreciem, foi feito com carinho.