Endereços existenciais

Mais três horas e estaria tudo acabado.

Anita desembarcou no Rio de Janeiro e tomou um taxi direto ao hotel. Havia anotado o nome e o endereço em busca furtiva na carteira do marido no dia anterior. Estava certa de que ele a traia, especialmente nas suas viagens semanais à cidade maravilhosa.

Na chegada ao hotel, cientificou-se da reserva do marido e usou o saguão para, na espreita, flagrá-lo com a outra. O relógio marcava 11h30min.

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12h. Sara fechou a porta do seu apartamento na avenida central do Engenho Novo. Cheirosa, maquiada e com uma bolsa grande, enveredou-se para o elevador e, dentro dele, suspirou ao olhar-se no espelho. Parecia mentira que tinha encontrado o homem da sua vida. Ele era absolutamente tudo o que ela sempre buscara. Ao chegar na garagem para pegar o carro, percebeu que o mesmo não estava lá. Desesperada, chamou o porteiro e, sem entender muita coisa, resolveu ligar para a delegacia. Nela ficou até às 15h providenciando a ocorrência.

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14h30min. Roberto adentrou o hotel com sua pasta executiva balançando para todos os lados. Parecia muito feliz. Apanhou a chave do apartamento na portaria e subiu. Anita aguardou 30 minutos e decidiu subir, não sem antes convencer o concierge de que era esposa de Roberto. Na sua chegada, Roberto levou um susto e beijou-a com os lábios trêmulos, alegando que a sua chegada inesperada tinha sido a melhor surpresa nos 10 anos de casamento. O seu telefone tocou. Era Sara. Nervosa, relatou o ocorrido. Roberto disfarçou e, em tom quase sepulcral, finalizou: “cuide bem do seu projeto, na próxima semana nos veremos”. Em seguida, jogou-se na cama ardentemente com Anita.

Por Rosalva Rocha

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Texto integrante do projeto de exercício literário proposto pela Pragmatha Editora em suas redes sociais. Participe! Em caso de dúvida, converse com a editora Sandra Veroneze pelo e-mail sandra.veroneze@pragmatha.com.br