Naquele inverno, ela decidiu esquecer o passado. Viajou sozinha para Santiago, no Chile. Seriam cinco dias de expurgação de tudo que havia ocorrido: a dor do término, o constrangimento da separação de bens, as idas e vindas sexuais, as duas brigas on-line pela guarda do cachorro e todas as contas dela com psiquiatra e farmácia.
Era a primeira viagem dela totalmente sozinha e ela queria curti-la. Por isso, já na primeira noite, foi ao boêmio bairro Bellavista. Decidiu em qual bar ficar, escolheu a mesa e, quando tentou se comunicar com seu portunhol, olhou para o lado e viu-o com outra mulher, Lembrou, então, que sempre conversavam, durante o relacionamento, sobre uma viagem ao Chile, a qual nunca se concretizou.
Nervosa, ela se levantou rapidamente, derrubando os talheres no chão. O casal novo notou-a, assim como os demais frequentadores do local. Ela saiu apressadamente. Do lado de fora, esperou por três minutos. Ele não veio atrás dela. No fundo, ela não conseguiria esquecer o passado tão cedo, mas ele já tinha feito isso.
Por Márnei Consul
Texto integrante do projeto de exercício literário proposto pela Pragmatha Editora em suas redes sociais. Participe! Em caso de dúvida, converse com a editora Sandra Veroneze pelo e-mail sandra.veroneze@pragmatha.com.br