Rosalva Rocha é natural de Santo Antônio da Patrulha, empresária, artesã, graduada em Turismo e Administração e associada ao Grêmio Literário Patrulhense. Participa ativamente de todas as publicações anuais da entidade e diversas outras antologias. Nesta entrevista, fala sobre a participação na antologia Proseiros | Contos, gestada nas oficinas literárias da Pragmatha.
Para você, o que significa participar desta antologia?
É o início da minha vida nos contos. Com a Oficina Provocações, da Pragmatha Editora, perdi o medo de escrever, de criar, de virar o mundo de ponta cabeça para um resultado satisfatório. E o resultado se dá nessa antologia, que é fruto de muito trabalho, muito exercício e muito coração aberto para críticas. A interação foi fantástica.
No conto Estranha fixação você toca no tema da fofoca e eu fico pensando no quanto o cotidiano é rico em situações que rendem literariamente falando. Como você vê essa inspiração que surge da vida real?
Ah… São essas inspirações que me motivam a escrever. Em cada provocação eu coloquei algo do meu cotidiano, do meu mundo. Ao reler qualquer conto eu consigo lembrar de como ele começou a ser escrito, baseado em qual situação.
No conto O tanto de amor você aborda uma situação bem delicada na vida de qualquer pessoa, que é fazer escolhas quando estão em jogo duas opções igualmente importantes. Na hora de escrever a história, você chega a sentir as dores dos personagens e depois fica pensando ainda nas decisões que tomou, consequências que teve? Chega a sentir saudade de personagens?
Na grande maioria, sim. Eu sinto saudades do personagem. Por exemplo, se o personagem não tem uma personalidade muito bem estruturada, eu acabo sentindo pena dele… Eu visto a sua roupa, ele está em mim. Obviamente que não é regra, mas na grande maioria sim.
O conto O velho baú mexe muito com memórias afetivas. Enquanto você escrevia, para compor o personagem e a narrativa, quais foram as principais referências e inspirações?
Na minha própria família. Venho de uma família muito grande por parte de pai e mãe e, com o passar dos anos, percebi o quanto alguns parentes perderam o melhor da festa, que é o simples, o fraterno, a lembrança, o amor. Eu mesma, em algumas épocas da minha vida, ausentei-me do verdadeiro sentido da vida. Às vezes pode ser tarde demais. É um conto muito reflexivo, ao menos para mim, para que eu não me perca no meio do caminho.
Um trecho do seu conto Submundo diz o seguinte: O crime se deu para vingar o sangue que jorrava da cabeça e do corpo de Janete, a mais antiga no bordel, consequentemente a minha filha adotiva mais velha. Certa noite ouvi gritos, corri para o andar de cima e na entrada do longo corredor pude identificar de qual cômodo brotavam aqueles estrondosos gritos. Ao chegar, deparei-me com uma cena cruel: Janete caída inconsciente e, sob ela, um caminhoneiro bêbado, agarrado a uma garrafa de cachaça. Pergunto: como está sendo pra escritora Rosalva matar e prostituir deste jeito?
Por incrível que pareça, muito bom. Venho do gênero poesia e crônica e poder “ousar” está sendo uma experiência fantástica. Mesmo nesse conto, onde há tanta crueldade, há um pouco de veracidade. A cena da morte é algo conhecido pra mim. O nome do lugar também e, no final eu fiquei íntima da protagonista. Eu passei a entender toda a sua vida, todo o seu trabalho para que a vida pulsasse dentro dela.
Destes contos, qual o seu preferido?
Sem dúvida, Submundo.
Para conhecer a obra, acesse: https://pragmatha.com.br/produto/proseiros-contos/