“Educação para a paz: diálogos transdisciplinares para a formação de educadores(as)”, lançado pelo Núcleo de Cultura de Paz e Práticas Restaurativas Nelson Mandela, pela Pragmatha Editora, reúne artigos de diversos professores. A pauta: cultura de paz. A obra foi organizada por Samuel de Jesus Pereira, Andréa Arruda Paula, Vanessa da Silva Moreira, Lucilene de Freitas Baeta e Regina Aparecida Gomes Camargo e lançada em evento realizado na USP – Universidade de São Paulo, junto à APEP- Associação de Professores da Escola Pública, que sedia os encontros de formação de educadores para a paz. Nesta entrevista, Samuel fala sobre a pertinência do tema e processo de produção do livro.
Qual a importância, hoje, de propagarmos a cultura de paz?
Samuel de Jesus Pereira: Nunca se falou tanto em paz do que na atualidade, no entanto é necessário demarcar que tipo de paz é essa que queremos empreender. Impossível falarmos dessa paz e não atentarmos para as desigualdades e situações injustas que existem. Por isso essa temática é importante para não naturalizarmos essas situações opressoras que crescem a cada dia em nosso país. É importante falarmos de cultura de paz, para que tenhamos mais alternativas em resolver os nossos conflitos de maneira mais pacifica e criativa e menos violenta entre outros.
Ao mesmo tempo em que se vê um mundo que parece cada vez mais violento, por outro lado se percebe cada vez mais fortalecido o movimento pela cultura de paz. Paradoxo?
Samuel de Jesus Pereira: Pode ser. As contradições fazem parte da vida. Há cada vez mais educadores/as, ativistas, pessoas que acreditam que a sociedade precisa repensar seu modo de viver, a sua relação com o meio ambiente, a questão da vida humana e não humana, questões de consumo e alimentação, entre outros assuntos emergentes. Por isso temos a cada dia a consolidação desse movimento, como aconteceu com o curso de 2019. Após o término o grupo sugeriu a formação e uma rede para que continuássemos a estudar o assunto e assim surgiu a “rede de Educadores para a Paz”, lançada oficialmente no dia 07 de março de 2020, por pessoas que com suas agendas cheias de compromissos decidem inserir um outro para vislumbrar possibilidades de intervenção nos espaços que atuam e contribuir para efetivação dessa cultura de paz.
Como surgiu a ideia de publicar um livro a partir da vivência no curso oferecido pelo Núcleo Nelson Mandela na USP Escola?
Samuel de Jesus Pereira: Uma das metodologias do curso é a elaboração dos diários autorreflexivos, dialogando com as vivências experienciadas no curso e os teóricos estudados ao longo do período de encontros. Após o curso, esses diários são sistematizados em narrativas e entregues como parte das atividades avaliativas, para fazer jus à certificação. Sendo assim, dialogando com a proposta de trabalho do Núcleo, queremos que essas reflexões contribuam com a bibliografia pertinente à área da educação para paz, circulem e reverberem nos espaços sociais.
Quais os objetivos, com a publicação da obra?
Samuel de Jesus Pereira: Acreditamos que os cursos não podem ser apenas para reproduzir uma metodologia. O Mandela busca, a cada curso, propor que o grupo teça reflexões a partir dos conceitos estudados. Sendo assim, a publicação objetiva materializar essas reflexões e torná-las públicas, como possibilidade de contribuir com reflexões pertinentes ao campo da educação para a Paz, tão recente em nosso país.
Enquanto coletânea de artigos, o livro fez a estreia de diversos novos autores. O que significa isso para o Núcleo Nelson Mandela?
Samuel de Jesus Pereira: O curso reúne educadores e educadoras de diversos níveis, com temas e abordagens diversificadas, possibilitando um rico diálogo entre os participantes do encontro, a atualização de conhecimentos, como também a troca de experiências entre as vivências e práticas de educadores/as e as diferentes propostas desenvolvidas pelo Núcleo. Então, isso tem uma importância singular, são professores e professoras que que refletem a partir de suas práticas. Falam não apenas de um campo teórico metodológico, falam de suas vivencias, da práxis transformadora da realidade que os cercam, não são “pesquisadores de gabinete”, conhecem a dinâmica da sala de aula, da gestão da escola, literalmente do “chão da fábrica’.
Os leitores que se interessarem, como podem ter acesso à obra?
Samuel de Jesus Pereira: A partir de maio vamos fazer o lançamento da 2ª edição da obra e teremos um canal para que as pessoas interessadas possam adquiri-la. Também divulgaremos em nossas redes sociais e via e-mail. nucleodeculturadepaz.mandela@gmail.com os locais de lançamentos e outros eventos. Os nossos canais são, no Facebook: https://www.facebook.com/nucleonelsonmandela, e no Instagram: nucleodec.