Suspirou aliviado quando dobrou a esquina e a viu tomando um café na calçada de uma lancheria simples. As belas pernas à mostra aderiam perfeitamente ao ambiente de Paraty, onde as coisas se desenrolavam de forma simples, despojada e sem frescuras. Aproximou-se dela e, sussurrando, falou: “Desculpe-me. Avancei o sinal!”
No dia anterior, levou-a para esse paraíso para pedi-la em casamento. Apaixonou-se por ela em uma casa de espetáculos de quinta categoria. Ela era uma atraente prostituta. Da primeira noite até ali se passaram dois anos, tempo suficiente para ele decidir que a queria para sempre ao seu lado. O relacionamento se deu aos poucos, já que ele precisava respeitar o trabalho dela.
Naquela manhã, no hotel, antes de tirar da mala o estojo com as alianças, declarou-se:
– Nunca imaginei que a encontraria. Hoje será um dia que ficará marcado nas nossas vidas porque eu estou certo de que a amo e quero que sejas só minha para sempre.
Nesse momento, ela o interrompeu:
– Eu também te amo, mas não achas que “para sempre” é um tempo longo demais?
Assustado, ele enfrentou-a com fúria e, com a mesma fúria, ela rompeu a porta e saiu. Romper com mais de vinte anos de prostituição para ser para sempre de um homem só era demais para ela. Os seus mundos diversos escancararam-se como nunca havia acontecido.
Por Rosalva Rocha
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Texto integrante do projeto de exercício literário proposto pela Pragmatha Editora em suas redes sociais. Participe! Em caso de dúvida, converse com a editora Sandra Veroneze pelo e-mail sandra.veroneze@pragmatha.com.br