Giba Trindade está lançando pela Pragmatha Editora duas obras: Ao sul do coração e Estampas do pampa. Nesta entrevista, fala um pouco sobre a sua trajetória de menino que deixou o solo gaúcho em busca de novas oportunidades, mas que o guarda no peito e é fonte de inspiração para sua prática literária.
Quem é Giba Trindade?
Um sonhador. Nascido e criado na Sanga do Brandão, localidade de Alegrete/RS, uma região rica em histórias e, pelos menos pra mim, de uma riqueza natural espetacular e única no mundo: o pampa. Passei a minha infância e parte da juventude no campo e tive a oportunidade de vivenciar o que ele tinha e tem de mais bonito, singelo e verdadeiro. No final da adolescencia, precisei sair desse recanto e dos braços da minha família, para alçar voo solo, e me fui. Depois de uma temporada de estudos e trabalho em Porto Alegre, fui para Curitiba, São Paulo e Barcelona, na Espanha. De volta ao país, fiquei um bom tempo em Curitiba de novo, antes de me fixar em São Paulo, capital, onde vivo até hoje.
Como é seu processo criativo? Tem algum ritual?
O meu ritual é buscar ideias novas o tempo todo. Acho que impulsionado pelo meu ser publicitário, sou um criador compulsivo. Vivo buscando temas ao meu redor, seja numa simples prosa, nas lembranças da infância, ou nos fatos que acontecem na vida e tento sacar deles algum significado interessante que mereça se eternizar num poema ou letra. Depois de uma boa ideia, que a meu ver é o mais importante de tudo, vem o suor do trabalho árduo, para juntar palavras e rimas, dando o melhor sentido possível pra elas.
O que escrever significa para você?
Significa vida. Pois quando comecei até me deixei tomar pelo gratificante, mas efêmero, prazer de ver uma obra terminada e produzida. Depois, com o passar do tempo e a chegada da maturidade, descobri que preciso bem mais do que isso, pois para mim, hoje, o que realmente importa é a total satisfação da minha alma, porque se você rabisca as suas verdades, seja num notebook de última geração ou num simples pedaço de papel de pão, as chances de sair obras que toquem o coração das pessoas é muito maior.
Você está lançando duas obras pela Pragmatha Editora. Qual a mensagem de cada uma?
Então. Depois de tanto tempo só produzindo, resolvi que é chegada a hora de registrar esses trabalhos. O primeiro é um apanhado de poemas inéditos mesclados com algumas letras que foram musicadas pelos muitos parceiros melodistas que tenho o privilégio de ter. Chama-se Ao sul do coração. Como o nome diz, é uma singela declaração de amor ao lugar que me deu os principais valores pra vida. O segundo é uma obra que está maturando há bastante tempo. É um livro de arte que fiz com o meu grande amigo, parceiro de vida e sonhos lá do Alegrete, o Marco Santierri, fotógrafo de imensa sensibilidade, e que, por estar lá no dia a dia do campo, tem feito registros espetaculares do modo de vida, das lidas e das tradições do pampa. Chama-se Estampas do pampa. O campo retratado em Foto e Verso. A mensagem dele é mostrar e deixar registrada toda a riqueza natural, cultural e de costumes que ainda existe lá na histórica fronteira oeste do Rio Grande do Sul.
Você canta em versos e também na prosa a sua terra, suas origens. Saudade?
Claro que sim. Saudade é o meu combustível. Toda a minha obra se refere diretamente às minha origens. Talvez por ter tido uma infância e juventude tão feliz, trago comigo, e com certeza vou levar pra vida toda, as reconfortantes imagens daquele tempo simples, fraternal, livre, verdadeiro e cheio de ensinamentos que vivi por lá.