Consciência, todos temos

            Senti vergonha, muita vergonha, é a única coisa que sinto — Jorge estava no confessionário falando com o padre e chorando.

            — Poderia ter sido diferente, a coloquei no asilo pensando que poderia ser melhor para ela. Mas foi tudo egoísmo, foi melhor sim, melhor para mim. E agora não posso nem pedir perdão. Minha mãe morreu sozinha. — Jorge falava e soluçava.

            O padre estava olhando com pena para Jorge. Mas teve que ser firme:

            — Jorge, agora não adianta ficar aqui chorando, você já fez, errado, mas fez — o padre respirou fundo e continuou: — O papa Francisco em uma de suas falas alertou contra a cultura ‘venenosa’ de abandoná-los em asilos, onde “normalmente sofrem com a negligencia, o medo e a solidão”.

            — Sabe, padre, levarei essa culpa, eu sei — Jorge fala passando as mãos nos cabelos. — Acordo à noite com a culpa de tê-la deixado lá, enquanto ela implorava para não ficar.

            — Sabe, Jorge, não sou Deus, também não acredito que ele seja vingativo, mas nascemos com uma consciência, e a sua já está te condenando — o padre olha e continua: — Pode ser clichê, mas você ensinou também aos seus filhos como devem proceder em relação à sua velhice.

Por Giovana Schneider 

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Texto integrante do projeto de exercício literário proposto pela Pragmatha Editora em suas redes sociais. Participe! Em caso de dúvida, converse com a editora Sandra Veroneze pelo e-mail sandra.veroneze@pragmatha.com.br