Chuva e amor

Recolheu a lona que cobria o seu pequeno trailer de cachorro quente na orla do Lago Guaíba e, mesmo com a chuva escaldante daquele sábado sem grande movimento, colocou o capacete. A bordo da sua velha bicicleta, saiu sorrindo como se compactuasse com a alegria da chuva, que aparecera sorrateiramente no início da noite para molhar as plantações que estavam quase perdidas.

Era menino do campo, que só mudou para a capital em função de trabalho. A chácara de seu pai não mais abrigava financeiramente os cinco filhos. Mas conhecia muito bem as necessidades da terra e da mãe natureza como um todo. E foi sorrindo que chegou em casa, sendo aguardado por Maria, sua companheira de vida há cinco anos, menina pobre, batalhadora, costureira de um ateliê de calçados e cheia de sonhos como ele.

Juntos, tomaram um café e recolheram-se para a cama, ninho que sempre os amparou. Antes de dormir, agradeceram pela chuva e pelo amor e, mais uma vez, reforçaram o propósito de trabalharem com afinco para conquistar o seu tão sonhado pedacinho de chão longe da capital.


Por Rosalva Rocha

Texto integrante dos exercícios literários propostos pela Pragmatha Editora em suas redes sociais aos domingos