Chá, café ou um bom vinho para acompanhar o processo de escrita

Giovana Schneider está lançado pela Editora Pragmatha o livro “No paralelo da vida”. Romance, a obra parte da experiência de quase morte da protagonista e, transversalmente, aborda temas como empatia e engajamento. Nesta entrevista, Giovana fala sobre o processo de escrita e o que significa para sua vida.

“No Paralelo Da Vida” será lançado em breve. Qual a sensação?

Fica difícil descrever, pois é realmente uma sensação indescritível, intensa. Mas, vamos lá, é uma mistura de euforia, felicidade, alegria de ter concluído o livro, apesar de já ter pensado em desistir. Que bom não ter me dado ouvidos e assim poder sentir que valeu a pena ter continuado, e ter me dado a chance de realizar um sonho. É um turbilhão de emoção, já está até acontecendo, pois sempre que estou ansiosa acontece. Acordo na madrugada e não conseguindo mais dormir, pensando, pensando e pensando… Ufa.

Comparado com os outros livros que você escreveu, qual a particularidade deste?

Todos têm uma particularidade legal.  Mas este se sobressaiu por ter nascido de um episódio real, do sonho que tive. Nossa, consigo até lembrar. Tanto que quando acordei e já comecei a escrever alguma coisa para não perder o foco. Isso me deixou empolgada. Acordava na madrugada pensando nele, em como criaria tudo. Foi realmente uma viagem marcante. Morei com ele, e quando coloquei o fim, foi difícil me despedir.

A obra tem como ponto de partida uma experiência de quase morte. Como escritora, o que significa para você abordar um tema tão cercado de tabu?

Realmente é um tema delicado, que tem que ser abordado com cuidado, mas confesso que sempre gostei dele e acredito também. Gosto de falar a respeito e vi no livro uma oportunidade de expor alguma coisa. Tudo o que está escrito foi obra da minha imaginação, e olha que imaginação tenho às vezes até demais.

Em seu livro, você transversalmente aborda temas como empatia, tolerância às diferenças. De alguma forma, sua obra é engajada?

Sim. A princípio não tinha pensado exatamente nisso, mas, quando o livro foi criando “vida”, senti isso e gostei.

Vários dos personagens são muito fortes e ao mesmo tempo sensíveis, gerando uma facilidade de identificação do leitor com eles. Como foi o processo de criação?

Os personagens foram nascendo à medida em que os diálogos iam surgindo. Quando aparecia, pensava, essa aqui é gente boa, vou dar uma moldada aqui e ali. Gosto de pessoas solícitas e sensíveis. Hoje em dia nem tanto, mas algum tempo atrás, quando estava em algum lugar que tinha muitas pessoas, e eu nada para fazer, olhava para um e ficava observando e pensando como seria a vida dela. Será que já passou por poucas e boas nesta vida? Observava o semblante. Pareciam todos iguais, mas no íntimo cada um tinha uma história, talvez até horripilante, para contar. Pensando nestas pessoas, das quais eu só conheço o rosto, é que criei meus personagens.

Com a obra, você pretende passar alguma mensagem?

Sim, a de que nada nesta vida, penso assim, acontece por acaso, e que se aqui estamos, algo viemos fazer, pois senão seria muito sem graça. Fomos jogados aqui para quê? Nada. Assim, quis passar esta mensagem, nada ligado a nenhuma crença, que isso fique bem claro.

Muitos autores têm um ritual para escrita. Escolhem um horário, ou um local… Muitos gostam de um café ou um bom vinho para acompanhar. Como é para você?

Quando estou em Marechal Floriano, tenho preferência pela noite. Gosto do silêncio e uma taça de vinho para clarear a mente. É maravilhoso. Mas quando escrevi “No paralelo da vida”, estava em outra residência e lá estabeleci um horário. Escrevia à tarde, sempre com uma boa xicara de café ou chá. Gosto de molhar a garganta no momento em que estou escrevendo.

O que escrever representa para você?

Bom, eu sempre gostei de escrever um pouco, mas, após o acidente que sofri, eu ficava sentada na minha. Gostava de chamá-la de minha varanda, olhando o “meu” horizonte, na maioria das vezes sozinha. Até fiz um poema. Então, escrever representa interagir comigo mesma e assim eu liberto os meus fantasmas… Enfim, escrever é uma terapia que muito me ajudou e está me ajudando até hoje a manter a mente e o espírito em harmonia.