Autores de “À luz do escuro” falam sobre a experiência de produzir uma obra coletiva

“À luz do escuro”, cuja edição está sendo preparada pela Pragmatha Editora, tem organização de Cleia Dröse e coautoria de Arita Martins Corrêa, Jefferson Dieckmann, Loiva Inez Tessmer Büttow, Márcia Tomazetti, Marisa Burigo, Nelci Griesbach (Nelci Bach), Soleni Peres Heiden, Susani de Castro Pitano, Verena R. Becker e Vitória Oliveira. Trata-se de uma obra coletiva, na qual cada coautor criou um personagem em interação com os demais, sem conhecimento de que personagem pertencia a qual autor. A iniciativa é do Centro de Escritores Lourencianos e o lançamento está previsto para março. Nesta entrevista, os coautores falam sobre como foi a experiência.

Verena R. Becker classifica a experiência como ímpar. “A expectativa era grande toda vez que o outro mandava a sua versão e eu devia adaptar o conteúdo ao meu. Foi necessária muita criatividade para todos. Senti isso no momento em que nos foi liberado todo o romance para a revisão. A costura de todos personagens foi muito bem executada, tornando-o um romance impar e completamente inovador”.

Susani de Castro Pitani afirma que não imaginava que o convite da amiga Cleia Drose para participar de uma criação coletiva a transformaria em coautora de um romance da grandeza de À Luz do Escuro. “Foi, sem dúvida, uma experiência maravilhosa e inusitada, desde a criação do personagem até a sua interação com outros personagens de autores desconhecidos”.

Para Soleni Heiden, a experiência foi sensacional. “Durante o desenrolar das estórias havia uma expectativa em saber como nossa coordenadora amarraria os laços de todos os participantes. No entanto, com maestria e segurança, Cleia Dröse nos conduziu a um desfecho inusitado. Amei este tipo de criação literária”.


Nelci Griesbach garante que é gratificante poder participar de um trabalho coletivo porque enriquece o aprendizado e amplia o conhecimento, trazendo novas descobertas, algumas até surpreendentes, quanto aos pensamentos e atitudes somados aos valores atribuídos a cada integrante.

Segundo Arita Correa, o convite feito pela Cleia Dröse foi surpreendente pelo ineditismo. “Era um desafio e tanto. Criar meu personagem e contracenar com um personagem criado por outra pessoa me fez sair de minha zona de conforto e tomar cuidado para entrar na sua história sem nela interferir. Fantástico.” E o mais interessante ainda, na sua opinião, é que só vai saber quem fez o personagem que contracenou com o seu no dia do lançamento do livro!

Para Marisa Burigo foi um grande desafio participar da criação coletiva do romance, escrito a vinte mãos, sem conhecimento de com quem de fato estava interagindo. Segundo ela, somos acostumados à escrita individual, mas quando dependemos de outro torna-se um grande exercício de paciência, pensamento e colaboração no grupo. “Não é fácil, pois pelo caminho encontramos algumas adversidades. Assim como na realidade, na ficção também ocorre.” A experiência, na sua opinião, foi gratificante. “Aprendizado ímpar, tanto literário como humano”.

Para Márcia Tomazetti, a ideia inicial foi interessante e instigante e no decorrer da trama começaram a surgir os desafios. “A criação do personagem foi algo gratificante, apesar das dificuldades no desafio da interação com outros protagonistas, oriundos de autores até então desconhecidos.” O texto com o retorno do outro participante da história, segundo Márcia, nem sempre foi aquilo que ela supunha. “Apesar de tudo, foi uma experiência que me trouxe bastante aprendizado.”

Para Jefferson Dieckmann, a experiência de fazer parte dessa obra coletiva foi única e inédita. O fato de escrever os posicionamentos e falas do seu personagem, sem saber quem era o autor com quem estava dialogando, foi inusitado. “Confesso que gerava curiosidade e, ao mesmo tempo, inquietação. Uma inquietação boa”.

Loiva Inez Tessmer Büttow pondera que, em “À luz do escuro”, os leitores vão perceber, no desenrolar dos capítulos, uma abordagem  existencial atualizada que  vincula  o passado ao presente e expõe vários dramas e desafios, bem próprios dos que alimentam “sonhos” e buscam a concretização dos seus “projetos de vida”. Na sua avaliação, é uma obra que nos leva a refletir sobre diferentes realidades encontradas no viver de cada um, daqueles que nos cercam e da humanidade globalizada…

Para Vitória Oliveira, escrever esse livro foi um convite para sair da zona de conforto, porque criou o personagem, porém não sabia como o outro autor iria descrevê-lo, como sua personagem reagiria com os demais. “Foi um desafio do início ao fim”.