Alexandra Magalhães Zeiner é coordenadora do projeto Mulheres pela Paz, um coletivo multicultural que integra mulheres de diversos países pela arte e pela reflexão quanto ao papel do feminino e da paz na sociedade contemporânea. A Pragmatha editora é parceira da iniciativa na edição da antologia poética. Nesta entrevista, Alexandra fala sobre o projeto e importância da arte na transformação do mundo.
Há vários anos você coordena o projeto Mulheres pela Paz. Quais os principais objetivos?
Sim, em 2014 era um projeto e tornou-se uma associação. Agora somos uma associação sem fins lucrativos, registrada em 2018 na cidade paz da Baviera: Augsburg. Na associação somos na maioria mulheres (mas existem alguns homens apoiadores) de diferentes países e culturas. Nossos objetivos principais são apoiar projetos femininos que promovem intercâmbios interculturais entre continentes. Criamos uma forma de “arte pela paz” contendo diferentes atividades culturais (design criativo, exposições, filmes, literatura, música, workshops). Promovemos também uma sensibilização geral visando a dignidade e igualdade das mulheres como um todo, sendo que o trabalho pela paz na esfera pessoal de vida é nosso ponto de partida.
O projeto desenvolve diversas ações, principalmente na área artística. São saraus, antologias… Enquanto engajamento, militância, de que forma se expressa a força da arte?
A arte transforma todo ser humano através de um processo fascinante de dentro para fora. Reconhecemos isso cada vez que escrevemos, cantamos, tocamos, moldamos… Aprecio profundamente este (re)encontro com pessoas que sinceramente valorizam o que temos em abundância no Brasil: nossa arte, a qual é fascinante e criativa. Venho repetindo isso desde meu primeiro projeto na Alemanha.
Qual a importância hoje de se falar do feminino?
Vivemos na “nave Mãe Terra”. Ela foi a primeira inspiração para os seres humanos que mergulharam na arte e ainda continua sendo. Consequentemente, a energia feminina é a fonte “creatrix” mais preciosa e diferenciada que temos. Por isso a natureza do feminino tornou-se minha fonte principal de inspiração em quatro idiomas.
Qual a importância, hoje, de se falar de paz?
Retornamos para o que mencionei acima. Somente quem conquista a paz em si pode “falar, criar, viver” o verdadeiro significado da palavra. Assunto utópico para muitos, pois nem sei mais quantas vezes me disseram que sou de outro planeta, por “fazer acontecer” o que planejo, principalmente nos tempos delicados que vivemos.
Mulheres pela Paz integra artistas de diversos locais do mundo. Que nuances você percebe no fazer poético dentro da temática, a partir da realidade de cada país?
O que percebi, principalmente durante os anos dedicados aos meus poemas em diferentes idiomas, foi que a criação poética “retrata” melhor mensagens de resistência e de transformação. Quando escrevo sou uma pessoa visual, por isso me referi ao termo retratar. Isso nos fortalece com a sensação de pertencer a um coletivo tribal. A poesia alimenta a alma e durante minha caminhada como aprendiz tornou-se prece. Sou aprendiz, sempre serei…