Aparição

            Caminhava só, quando sentiu um toque no ombro. Eva se virou assustada. Conteve o grito de horror, para abrir um largo sorriso. Era o seu filho sorrindo para ela. Abraçaram-se demoradamente e com, os olhos marejados, perguntou:

            — Você voltou, meu querido, você voltou — falou e beijo-lhe o rosto — A maldita guerra acabou?

            Ele nada respondeu.

            — Me responda, Joaquim, meu filho — ela insiste e continua: — Que sorriso lindo!

             Ele foi sumindo, sorrindo e sumindo.

            — Por favor, não vá, fique comigo. —  suplica.

             Eva não aguenta e dá um grito. Cai ajoelhada. Seu filho Joaquim veio se despedir. Aquela carta era verdadeira. A guerra, maldita guerra, ceifou dela o direito de ter o seu filho. E agora de poder se despedir, e fazer um velório descente.

            — Guerra, maldita guerra. — Grita, socando a terra.

            Ficou ali por algum tempo, deitada no chão, chorando. Depois levanta. Respira fundo. Sabe que não tem como reverter a situação. O que não tem remédio, remediado está — pensou — não tem nada o que eu possa fazer para mudar esta situação, fácil não vai ser. Outras guerras virão. Quantos Joaquim vão ainda morrer? Com certeza muitos. Guerra, maldita guerra. Até quando?

            Eva vai caminhando e pensando. Já não tem mais lágrimas para derramar. Sente como se alguém a observasse de longe, se vira, mas não vê ninguém.

            Mas ao longe ele ainda a está observando. Uma lágrima cai na face.

Por Giovana Schneider


 

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Texto integrante do projeto de exercício literário proposto pela Pragmatha Editora em suas redes sociais. Participe! Em caso de dúvida, converse com a editora Sandra Veroneze pelo e-mail sandra.veroneze@pragmatha.com.br