Cada texto tem sua história, seu próprio contexto e inspiração. Este é um espaço que apresenta os bastidores da produção poética. Nesta edição de “Ao pé do verso” analisamos o poema Ignotos, da escritora Giovana Schneider, publicado no livro “Poemas dos momentos”, pela Pragmatha Editora. Confira a entrevista:
Como surgiu a ideia do poema?
Eu participei de uma antologia poética em que falava de momentos sombrios que estamos passando (refiro-me ao contexto político), e “ignoto” significa aquilo que é desconhecido, não sabido. Então, logo pensei que, como somos na maioria das vezes ignorados, que é um significado semelhante, deixei a inspiração me levar e o poema foi nascendo. Depois ele fez parte do meu livro, “Poemas dos momentos”, por falar de um momento.
Em que circunstâncias ele foi escrito?
Foi escrito em casa, à tarde. Quando estava escrevendo saía um pouco, ia para área externa e olhava o horizonte, e então voltava para dar continuidade.
Foi desenvolvido de supetão ou precisou de vários dias sendo lapidado?
Ele nasceu rápido, não precisou ser lapidado. Fui imaginando muitos momentos que somos um povo ignorado.
Qual seu verso preferido?
Eu tenho um carinho muito especial por ele todo, mas aqui acho que ficou bem legal: Adestrados… Pelo sistema, / Sempre esquecidos… Pelo combo,
Somo manipulados pelo sistema, e isso é um fato, não podemos fugir disso. E esquecidos pelo combo, que são as esferas, os três níveis de governo.
Você quer, com ele, passar alguma mensagem?
Sim. É um grito de alerta de que estamos acostumados a sermos ignorados. E como está não podemos ficar. Mas ao mesmo tempo não temos como nos libertarmos, pois já somos adestrados… Acho que mais ou menos isso.
Confira o poema:
Ignotos
É o que somos,
Na incógnita…
É como vivemos,
E assim…
Vamos levando,
Adestrados…
Pelo sistema,
Ignorados…
Pelo poderio,
Sempre esquecidos…
Pelo combo,
E assim…
Vão nos levando.