O poeta Leonardo Andrade, que recentemente publicou pela Pragmatha Editora a obra “Grãos – Pensamentos vãos e desvãos, gosta de explorar vários temas e várias camadas. O poema “Confissões” é um exemplo. Segundo o autor, este trabalho segue o sentido literal do título, é uma confissão, uma lista de atos e fatos que só admitimos e mencionamos sob determinadas circunstâncias. “É a exposição do nosso lado oculto, um completo desnudar. A ideia ao escrevê-lo foi criar uma cumplicidade com o leitor, apresentar um outro prisma, mostrar-me mais próximo, descortinar um cenário que normalmente é bem mascarado e endossar que fora do palco, todos nós temos nossos fantasmas e demônios”, afirma.
Leonardo não tem uma rotina de escrita, nem de horário nem de ambiente. Ele afirma respeitar as vontades da inspiração, mas lembro que esse poema foi escrito em uma conversa com o silêncio, ambiente escuro, propício para uma confissão, como o tema necessitava.
O poema pretende passar alguma mensagem?
Segundo o autor, cada um vai senti-lo de forma particular, com a dor e a delícia de como é e certamente tirará seu melhor proveito, lembrando que este possivelmente será diferente a cada releitura. De modo geral, acredita Leonardo, o poema fala de admitir seus equívocos e suas posturas questionáveis e principalmente de entendê-las e se perdoar. “Afinal, só podemos perdoar se antes nos perdoarmos”.
O poema fala também das inúmeras e muitas vezes contraditórias vozes que nos assolam e dos riscos que temos quando as ouvimos e das incontáveis personas funcionais que assumimos ao longo da vida. “Resumindo, a mensagem principal é que estamos em permanente mudança e com inteligência e (auto) conhecimento tendemos a seguir um percurso melhor e mais palatável”, garante o poeta.
Ao reler o trabalho, Leonardo afirma ter gostado. “É uma experiência purificadora. Tenho a sensação de ter expurgado alguns sentimentos e sugerido aos meus leitores que fizessem o mesmo”. O silêncio, na sua opinião, é um excelente confidente, pois é um ótimo ouvinte e só nos diz o essencial, o que precisamos realmente ouvir e normalmente sob a luz ninguém nos diz. “Leiam o poema e se confessem, recomendo fortemente”, conclui.
Confissão
Já fiz promessas mirabolantes sem a menor intenção de cumpri-las
Indiquei trajetórias e veredas sem jamais ter cogitado segui-las
Fiz sociedades e ligações já pensando em como parti-las.
Já cometi incontáveis erros, muitos de forma consciente
Fingi crer e me mostrei enganosamente descrente.
Fui bastante magoado e magoei muita gente.
Já fui desesperada caça e impiedoso caçador
Materialista, cético e trovador. Já desdenhei do Amor
Senti e provoquei dor, espinho e flor, toda paleta e cada cor.
Já explorei vastas e incontáveis possibilidades
Caminhei entre mentiras e meias verdades
De certas personas que encarei, não tenho saudades.
Para conhecer a obra “Grãos”, acesse: https://pragmatha.com.br/produto/graos-pensamentos-vaos-e-desvaos/