Desassossegos no paraíso: a experiência de escrever um romance coletivo

O Centro de Escritoes Lourencianos lança pela Pragmatha, no dia 28 de março, seu mais novo romance coletivo. “Desassossegos no paraíso” gira em torno de um assassinato e é uma história complexa, que revela as nuances nem sempre bonitas de seus personagens. Perguntamos aos coautores como foi a experiência de construir uma história manejando a historicidades ficcionais que se entrelaçavam.

Arita Martins Corrêa

“Meu personagem é o Godofredo, mais conhecido como Godo. Jovem ainda transformado em um mendigo, pelas contingências da vida. Puro de alma e ingênuo em seu desenvolvimento. Sua trajetória emociona e desperta a vontade de saber o que acontecerá com ele no final. Gosto muito de participar de livros coletivos onde cada um tem um personagem e eles interagem entre si. Meu personagem me tirou da zona de conforto, pois nunca tive contato direto com nenhum mendigo, mas foi desafiador trabalhar com ele e espero ter sido convincente.”

Magno Machado de Freitas

“Essa obra apresenta um valor emocional, pois estávamos passando por um momento difícil aqui na nossa cidade, com as cheias. E foi como se tivéssemos fugindo dos problemas cotidianos e do medo e da dúvida do que viria pela frente. Fiquei muito honrado de participar, pois todos os envolvidos tiveram poder de decidir tudo sobre a obra. E os nossos encontros presenciais eram muito divertidos, reflexivos e cheios de guloseimas. Participar dessa obra foi muito motivador. Uma experiência enriquecedora, tanto na construção dos personagens, como na interação que os autores tiveram.”

Cleia Dröse

“Este projeto teve início em maio de 2024, em plena cheia da Lagoa dos Patos que invadiu ruas e casas em nossa cidade e nos deixou a todos preocupados e vulneráveis. Pela primeira vez participo de uma história coletiva como autora. Anteriormente, apenas coordenava, costurava os textos e orientava os autores. Mas desta vez, ao inovar na metodologia e dar mais autonomia ao grupo, pude criar um dos personagens e foi muito gratificante. Meu personagem entra somente na terceira fase da trama e foi desafiador me colocar na pele de um delegado, vindo da cidade grande, exageradamente confiante e com uma autoestima elevada. Mal sabia ele o que lhe reservava aquela pequena cidade interiorana. No final, já nos havíamos tornado íntimos e costumava conversar com ele como quem conversa com um amigo antes de escrever o texto.”

Maria Fernanda Pires

“Foi uma experiência completamente diferente, nunca havia escrito um livro, muito menos em conjunto. As reuniões para acertar os detalhes, as ideias em conjunto, as interações entre personagens, foi algo realmente divertido, mas não muito fácil, foram muitos aprendizados que com certeza irei levar comigo para o futuro da minha graduação. Esse livro para mim é um marco da minha evolução de escrita e espero que seja o primeiro de outros que virão! Só tenho a agradecer ao CEL por essa oportunidade magnífica!”

Rosani Trindade

“Esta obra é relevante por se tratar da primeira escrita em um romance. Sinto imensa alegria e gratidão pela oportunidade que foi dada e pela credibilidade em meu potencial. A trajetória da minha personagem Michele foi desafiadora e ao mesmo tempo divertida, pois a cada episódio eu me empolgava tanto a ponto de ter dificuldade em parar de escrever. Foi muito divertido criar e desenvolver a personagem. Hoje sou uma pessoa com muitas expectativas e sonhando com este novo ciclo que se inicia em minha vida.”

Rodrigo Seefeldt

“Participar das obras coletivas do CEL sempre é um misto de alegria e de muita dedicação. Aliás, esse formato inovou. Juntos amarramos a vida de cada personagem. A “costureira do livro”, Cleia Dröse, conseguiu motivar-me para que conseguisse assumir dois personagens distintos, mas que ao mesmo tempo carregavam em suas características a vida cotidiana de uma cidade pequena. Essa obra me permitiu ultrapassar barreiras e superar desafios através do enredo. Afinal, o que aconteceu em Nereidas? Só lendo o livro para o leitor viajar.”

Verena Rogowski Becker

“Participar desse projeto foi um desafio bem grande. Não é fácil criar personagens e introduzi-los com personagens e histórias que vêm de outros autores, para compor uma história única. Foi muito gratificante ver que tanto Boleslau, como Mila conseguiram se encaixar com o grupo e chegar num resultado excelente nas mãos da coordenadora Cleia. Criar Boleslau foi fácil, pois usei características de uma senhora que conheci e que fazia esse tipo de trabalho como curandeira. Boleslau deixou minha imaginação voar alto, usar a imaginação. +Camila – Mila foi como criar uma personagem dos meus romances, pude colocar vida numa simples atendente de portaria de pousada. Tanto um como outro, para minha surpresa, foram enriquecidos pelos meus colegas e parceiros desse romance, que vai atrair muitos leitores de todos os gostos. Agradeço o convite, foi uma experiência muito gratificante.”

Susani de Castro Pitano

“Participar de uma obra coletiva é um grande desafio que eu já havia vivenciado em produções anteriores. Mesmo assim, cada experiência é única, pois a interação com os demais autores sempre surpreende, modificando muitas vezes o rumo da narrativa. Minha personagem em Desassossegos no Paraíso, Elvira Catharina, foi pensada com muito carinho e eu me tornei sua “confidente” durante o período de produção da obra. Muitas vezes conversávamos e através desse “diálogo” fui definindo quais seriam suas características, os seus sentimentos e atitudes. O sentimento agora é de muito orgulho por mais uma obra concluída!”

Fábio Braga

“Participar desse projeto é antes de mais nada um desafio, considerando dar forma aos personagens que assumem características muito especiais. Existe toda uma responsabilidade nesse sentido e uma busca por atendimento dessas expectativas dos diversos autores que, em última análise, resistem quando a imagem não condiz com o esperado! Mas isso tudo não diminui, muito pelo contrário, aumenta minha vontade de fazer isso… fazer ilustração de histórias… criar, recriar… Por fim, gostaria de dizer que foi um imenso prazer fazer esse trabalho desenhando, foi muito divertido me deixou muito feliz e realizado!”