Celio Antonio Ribeiro nasceu em Lages, Santa Catarina. Começou a trabalhar aos nove anos de idade, acompanhando seu pai. Na escola, cursou apenas o primário, priorizando sempre o trabalho, para ajudar a mãe e os oito irmãos. Na profissão que seguiu teve que abrir mão do convívio com a família, inclusive em datas festivas, pois seu objetivo sempre foi garantir o melhor para os seus.
Célio é autor do livro “Uma vida na estrada – na longa estrada na vida”, no qual conta sua trajetória como trabalhador na construção de estradas. Suas memórias, atuando em grandes empreendimentos no Brasil e exterior, junto às maiores construtoras do país, foram registradas com o auxílio da filha Sandra Maria Ribeiro e da neta Nathalie Ribeiro Artigas.
Nesta entrevista, Celio fala sobre a emoção de ter seu primeiro livro publicado.
Como surgiu a ideia de escrever o livro?
Essa ideia me acompanha desde a infância. Sempre tive o sonho de deixar a minha vida registrada. Nunca quis ser apenas um passante pelo mundo.
Como foi a produção da obra?
Precisei de aproximadamente seis meses para reunir as ideias e colocá-las no papel. Muito importante foi o auxílio das minhas netas Nathalie e Sandra. Tudo veio muito fácil, porque guardo lembranças muito vívidas da minha vida. Tenho muito claro na memória, por exemplo, o embarque de soldados para a Segunda Guerra Mundial. Eu tinha na época quatro aninhos e presenciei esta cena. Minha mãe explicou do que se tratava e a resposta dela está no livro.
A oportunidade veio com a aposentadoria?
Exatamente. Sempre gostei muito de trabalhar e desde que adquiri família minha prioridade passou a ser a busca do melhor. Ficava muito tempo longe de casa, totalmente envolvido com a profissão. Com a aposentadoria e mais tempo para me dedicar, consegui sentar, abrir a janela das minhas lembranças e as coloquei no papel.
Relembrar todos esses acontecimentos, que sentimentos despertou?
Um sentimento de perda, confesso. Revendo toda minha trajetória, percebi que perdi muito da minha vida. Eu não vivi uma vida como tantos falam, de divertimentos, com bons passeios, enfim. Conheço o lado do trabalhador. Vivi para trabalhar. Muitas coisas boas eu deixava de viver para trabalhar.
Plantar uma árvore, ter filhos, escrever um livro… Há espaço para mais sonhos?
Muitas coisas…. Penso às vezes no desejo que eu sempre tive e não pude realizar de ser músico, de ser compositor. Eu fiz tantos versos e não consegui fazer uma única música. Penso que ficou isso por fazer. De certa forma, eu me satisfaço agora com o livro. E ainda posso, quem sabe, fazer algo mais com um segundo livro. Tenho muito ainda para escrever. Tenho versos, histórias de música.
A música é muito importante na sua vida?
Muito. Os grandes sábios dizem que a música é o caminho mais curto para chegar a Deus. Quando eu cantava, mesmo de brincadeira, eu me sentia fora do mundo. Eu voava. Um compositor certa vez comentou “como a gente voa quando começa a pensar”. Eu sempre pensei, refleti, e através desses pensamentos eu voei e fui longe. Acredito que vou continuar avançando, porque continuo pensando. Este é meu objetivo. Deixo o brilho do presente, esqueço a escuridão do passado, e vou viver o clarão do futuro. O próximo sonho a ser realizado é o próximo livro.
Qual a sensação de ver o livro pronto, em mãos, impresso?
Não tenho palavras. Estou muito feliz. Nele deixei registrado o que pensei, vivi. Muitos falam de vida pós morte. Um livro de memórias talvez seja um pouco isso… Publicar um livro também é uma forma de viver após a morte. Continua-se a vida em suas páginas.