O sol se pôs no horizonte naquela terça feira gélida. Fazia uma semana que eu estava ali, naquela pequena casa no topo da montanha. Cumpria o luto a que me impunha quando da separação de Roberto. Dezoito anos de um casamento aparentemente quase perfeito caiu pelo ralo em um minuto. Descobri a sua traição abrindo um e-mail desconhecido, onde constava mais de trinta fotos do meu marido com ela, a amante. Caí por terra. Passei dias e noites sem dormir questionando o que eu havia feito para que tudo acontecesse. O fim foi sórdido, sem qualquer emoção, com uma confissão sublime: “ela preenchia o que te faltava e, dessa forma, eu era muito feliz contigo”.
Na varanda, com os braços cobertos por uma grossa manta, olhando para o nada, decidi subitamente tomar coragem para carregar mais lenha para o fogão e a lareira, a fim de permanecer mais uma semana por ali.
Quem sabe mais…
Eu precisava descobrir o que me faltava para entender tamanha traição.
O fogo, como sempre quente e implacável, certamente me conduziria à resposta.
Por Rosalva Rocha
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Texto integrante do projeto de exercício literário proposto pela Pragmatha Editora em suas redes sociais. Participe! Em caso de dúvida, converse com a editora Sandra Veroneze pelo e-mail sandra.veroneze@pragmatha.com.br