O ônibus chegou e em instantes estará de partida; entrar nele é minha única saída, passagem só de ida sem despedida.
Meu tempo aqui terminou, o rio secou, o jardim definhou, este ciclo se encerrou. O sonho acordou.
É mais, muito mais que que uma porta encostada, vai bem além de ser trancada, ela está sendo lacrada e jamais voltará a ser acessada.
Subir no ônibus não é uma alternativa, é minha única opção, tudo aqui foi ilusão, perdi meu chão e agora exorcizo essa maldição e quero apagar toda e qualquer recordação.
Entro, sento, vedo a cortina da janela, ponho o cinto, fecho a fivela. Navio zarpando, destino soprando forte a vela.
Esse ponto é definitivamente final, nada de reticências ou etc. e tal.
Motor ligado, novo caminho iniciado, passado sendo apagado.
Página virada, não darei nem uma última olhada, não resta mais nada, sequer uma história para ser contada, essa fase está irreversivelmente enterrada.
Por Leonardo Andrade
Texto integrante do projeto de exercício literário proposto pela Pragmatha Editora em suas redes sociais. Participe! Em caso de dúvida, converse com a editora Sandra Veroneze pelo e-mail sandra.veroneze@pragmatha.com.br