Um novo começo

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Romance histórico que atravessa milênios.

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Introdução

No outono de 1998, com 26 anos, vivi meu limiar: o inconsciente encontrando o consciente, se derramando em noites e mais noites de pesadelos sem fim. O ventilador de quatro pás do teto do meu quarto se transformava na cruz do Cristo e, por detrás dela, escorria todo o sangue do cordeiro de Deus… gritos de pavor… me via toda ensanguentada, no pequeno instante entre o estar dormindo e acordada.
Insônia… caos… duas opções: me encher dos ditos remédios… anestesiando a mente e enlouquecendo sem nada entender, ou enfrentar, desvendar… abrir a porta. Eu tinha a chave: a coragem para trilhar o caminho do coração.
Preparei-me e, quando a mesma cruz apareceu mais uma vez e o sangue doloroso jorrou sobre todo meu corpo, me fixei somente nela, só na cruz, ignorando o sofrimento e o medo. Ela então brilhou em luz violeta e no mesmo instante vi o Cristo me chamar com carinho: vem comigo, entra! Sem hesitar, me joguei para dentro dela, mergulhando nas camadas do ser, abrindo o meu registro akáshico em sete sonhos reveladores. Esses sete sonhos, as memórias e os comportamentos inexplicáveis que tive desde criança, mais a observação atenta das minhas atitudes, nas viagens que fiz à Alemanha e Israel, esclareceram a minha vida anterior a essa.
Fui uma menina judia de cabelos dourados e olhos azuis que viveu no sul da França durante a segunda guerra mundial. Meu pai foi um comerciante de tecidos, que teve uma loja na frente da nossa casa. Minha mãe cuidava dos afazeres do lar e eu sentia imensa felicidade quando tinha um papel e tinta colorida! Eu amava pintar! Ah! Eu também gostava de me esconder embaixo das mesas de corte de tecido e observar o andar das clientes em seus sapatos de salto alto! Achava estranho e muito engraçado!
Por volta dos meus seis anos de idade, quase sete, a França foi invadida pelos nazistas. Fui presa e afastada dos meus pais. Viajei de trem em um vagão de carga até um campo de concentração. Sofri violência sexual por dois soldados alemães, à noite, em cima dos trilhos que me levaram ao inferno. Meus pais morreram na câmara de gás. Em um dos sonhos, revivi uma fuga fracassada, quando fui mordida por um pastor alemão. Em uma das minhas memórias sem sentido me vi sem roupa, com meu corpo todo perfurado de agulhas, das tantas tiragens de sangue consecutivas, sendo exposta a outros como uma cobaia. Eu tive um irmão gêmeo. Não o vi em meus sonhos, mas nasci nessa vida com a intuição e o desejo sincero de procurar e encontrá-lo.
Com uns nove anos, eu morri, o que me provocou nessa vida, na mesma idade, uma espécie de autismo, culminando em um déficit de atenção na escola. Por mais ou menos uns nove meses, me ausentei de mim, não estando em nenhum lugar, sobrevivendo apenas no piloto automático. Agonizando, tive um lapso de consciência e com muito esforço mental implorei a Deus por ajuda, conseguindo voltar.
No meu último sonho, andei pelo palácio do ditador, toquei as cortinas de veludo vermelho sangue das janelas, procurando uma saída. Caminhei mais um pouco e cheguei no imenso quarto, presenciando a orgia sexual dos nazistas, em cima de uma grande e luxuosa cama. Vi o Führer, velho e decrépito, sentado de costas para mim, em sua berger. Um voyer apreciando o espetáculo nojento. Corri e me escondi atrás da poltrona, mas ele me viu com aquela cara misturada das feições de todos que compunham a cópula nazi.
Eles não tinham mais forças para me prender!
– Carennnnn! – ele me chamou com a voz rouca, o meu nome dessa vida?! Sim, o sofrimento imposto foi tão grande que ele me acompanhou até aqui.
– Carennnnn! – o anticristo me chamou mais uma vez e, para despistá-lo, eu repondi:
– Já vouuuuuu! – me afastando, continuando a procurar a saída pelas janelas, todas trancadas, até que encontrei uma pintura de Renoir: o da menina com as espigas… Contemplo-a, cabelos loiros… os meus… dourados, me identifico. Num impulso, levantei o quadro e ali encontrei o vidro com um furo de bala e daquele buraquinho minha alma saiu, enquanto ecoava lá dentro do palácio… Já vouuuu! Já vouuuu! Já vou embora!
Minha alma partiu, voando pela França e acenando alegre para as pessoas que andavam pelas ruas, outras sentadas nos cafés. Tornando-me uma observadora de mim mesma, eu montei o meu quebra-cabeça.
Sei que escolhemos, antes de nascer, a vida que teremos. Mas qual o sentido de experienciar um trauma tão avassalador como esse? Um sofrimento imposto ainda na infância, que se arrastou até aqui!?
Para responder qual o sentido da minha vida, durante todos esses anos, eu continuei a mergulhar no caminho do coração, buscando sempre me encontrar, me conhecer. Trilhar esse caminho implica em quebrar os padrões no mundo consciente, sendo julgada por viver o inusitado, sem a lógica tão confortável. Mas isso nunca me impediu de continuar na minha busca! Então, em um belo dia, eu descobri que antes dessa vida de menina tão sofrida estava toda a minha verdade! Eu finalmente entendi, porque o anticristo não queria que eu abrisse a porta, aquela da cruz! Mas eu abri, e o que eu vivi é a mais linda história de amor que eu vou lhe contar.
Você quer conhecer a minha verdade?
Vem comigo!

Caren Fuentes – Autora

 

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